Autor: Filipe Manuel Neto
**Um filme já antigo, algo datado, mas envolvente e que entretém o seu público de maneira eficaz e agradável.**
Quando Robert Zemeckis pensou neste filme estava certamente com a mente em “Indiana Jones and the Raiders of the Lost Ark”. Os dois filmes são surpreendentemente parecidos, até no humor. A base da trama é idêntica: a heroína parte dos EUA para ajudar uma irmã em apuros por causa de uma antiga e valiosa esmeralda escondida na Colômbia. Claro, há outras pessoas menos simpáticas dispostas a tudo para apanhar a gema. Num momento em que tudo parece perdido, ela recebe a ajuda de um herói duvidoso, um malandro que pensa em ganhar dinheiro com o problema. Um argumento rebuscado, com coincidências que só aconteceriam em cinema e carregado de clichés, mas como o filme é uma comédia ligeira nós assumimos logo que não o devemos levar a sério. O filme parece datado, em particular devido à cinematografia utilizada… mas eu lidei bem com isso.
Como filme de aventuras funciona muito bem, o que é surpreendente se considerarmos que é uma cópia gritante de um filme melhor. Zemeckis conseguiu dar-lhe credibilidade e autenticidade suficientes para justificar a sua existência e aproveitou o orçamento para nos dar qualidade: a cinematografia é regular, os efeitos especiais e sonoros são da “velha escola” e funcionam muito eficazmente, a banda sonora é apelativa. Os diálogos são bem escritos, o humor é inteligente e aguçado, as personagens são bastante bem desenvolvidas e dadas a actores capazes. Isto é misturado com boas cenas de acção, ao estilo “Indiana Jones”, em que temos lutas e perseguições para todos os gostos.
Para o sucesso do filme contribuem decisivamente os esforços de Michael Douglas e de Kathleen Turner. A dupla actuou maravilhosamente bem, os dois actores estabeleceram uma boa química que dá realismo à paixão nascente e lhes permite trabalhar muito bem em conjunto. Ela surpreende-nos numa personagem estranhamente mais dócil e submissa do que as que havia feito anteriormente na sua carreira, e ele dá-nos um anti-herói durão com ares de vilão potencial. Danny DeVito, acrescentado ao filme como alívio cómico, é tão bom naquilo que faz que merecia ter mais intervenção na trama e uma presença mais activa.
Em 13 Apr 2025