Autor: Pedro Quintão
Cresci fascinado e assustado pelo conceito de The Texas Chainsaw Massacre. Era ainda criança quando ouvi falar deste remake e, como muitos, acreditei piamente que se tratava de uma história real. Afinal, a ideia de um assassino a criar máscaras com pele humana parece é absolutamente grotesco. Num tempo em que a internet estava longe de nos fornecer informações ao alcance de um clique, o terror daquela ideia traumatizou-me durante anos.
Foi apenas aos 14 anos que me desafiaram a ver o filme pela primeira vez. Confesso que, ao terminá-lo, não senti o pavor absoluto que antecipava, mas o impacto foi inesquecível.
Comparando com o original de 1974, sinto que este remake é ligeiramente superior em vários aspetos. Desde o início, somos apresentados a um elenco que rapidamente conquista a nossa empatia. Os atores entregam performances carregadas de emoção e terror palpável, criando uma atmosfera de desespero que transmitem facilmente ao espectador. É difícil não nos colocarmos no lugar deles enquanto enfrentam o horror de Leatherface e da sua família.
A intensidade do filme é um dos seus maiores trunfos. A partir do momento em que a primeira morte ocorre, a narrativa desenrola-se num ritmo frenético, mantendo-nos presos ao ecrã com pequenas reviravoltas, que nos levam a um desfecho épico.
E não posso deixar de mencionar a banda sonora, que considero uma das mais marcantes de qualquer filme de terror dos anos 2000, elevando muitas das cenas a um patamar inesquecível. Outro destaque é a cinematografia: um plano em particular, onde uma personagem se suicida com um tiro e a câmara atravessa o buraco da bala e observamos a expressão de horror dos protagonistas, é simplesmente genial. É uma transição tão bem executada que se mantém como uma das mais icónicas no género.
Se há algo a apontar como menos impressionante em comparação com o original, é o design dos vilões. Embora visualmente menos marcantes, há uma crueza nos membros da família Hewitt que os torna mais realistas e mais aterrorizantes. No entanto, não consigo evitar preferir o apelido Sawyer, que considero muito mais memorável e ligado à essência da saga.
Leatherface, por outro lado, mantém-se como a força imponente e ameaçadora que definiu o filme original. A sua presença é colossal, e mesmo sem grandes alterações à fórmula, ele é tão eficaz aqui quanto era em 1974.
O que realmente me custa compreender é como The Texas Chainsaw Massacre (2003) foi recebido de forma tão negativa por muitos críticos na altura do lançamento. Sim, o cinema é subjetivo, mas a atenção aos detalhes e o respeito pelo material original são inegáveis. Marcus Nispel e a sua equipa produziram algo grandioso, que homenageia o clássico sem cair na armadilha de replicar cena por cena, como muitos remakes da época acabaram por fazer.
Embora a prequela de 2006 tenha ficado muito aquém do que este remake conseguiu entregar, isso não diminui o mérito desta obra. Ao longo das últimas duas décadas, ela conquistou um estatuto de culto merecido e, como eu, há muitos fãs que consideram este filme superior ao original.
Para mim, The Texas Chainsaw Massacre (2003) é um exemplo de como fazer um remake bem-sucedido: respeita as suas raízes, traz algo novo para a mesa e oferece uma experiência de terror visceral que continua a impressionar com o passar do tempo. Não é apenas um filme de terror, é um marco que me assombrou na infância e continua a deixar a sua marca em mim enquanto fã de cinema de terror. Agora que passaram mais de 20 anos, sinto que está mais do que na hora de produzirem uma sequela direta com a personagem da Jessica Biel e a bebé do final desse filme.
Em 20 Nov 2024