Autor: Filipe Manuel Neto
**Esperava muito mais.**
Confesso que esperava mais deste filme. O roteiro era promissor, tinha uma boa premissa: um teste em humanos que funciona mas acaba por falhar devido à arrogância da pessoa em que foi feito, o mesmo cientista que já havia coordenado as experiências com animais e que tinha, já então, poucos escrúpulos e preocupação com as questões éticas e deontológicas. Acrescente a isso uma dose de misoginia e terá na personagem central da trama um vilão em potencial, a quem é dado um poder sobre-humano: a invisibilidade.
O problema com isto é que tudo ficou terrivelmente sub-desenvolvido. Não há qualquer roteiro ou história muito para além do que eu referi, resumindo-se o filme a uma caça a um homem invisÃvel maluco. Outro problema é que a maioria das personagens é vazia e há uma boa dose de clichés e previsibilidade. Os sub-enredos românticos delineados são talvez o pior de tudo, pois nunca se encaixam na trama central. Paul Verhoeven é um director capaz que perdeu a hipótese de fazer aqui um bom filme. Kevin Bacon impressionou-me pela positiva, especialmente considerando que nunca gostei muito do trabalho do actor. Ele foi capaz de se tornar detestável nesta personagem, algo que a personagem lhe exigia. Elisabeth Shue também tentou um bom trabalho, mas não tinha material para isso.
Visualmente, o filme é bom... tem uma boa fotografia e bom CGI, considerando a altura em que o filme foi feito, bons efeitos especiais e de som, boas cenas de acção e suspense. A banda sonora, discreta mas eficaz, é uma boa adição. Mas isto, embora seja positivo, não é o suficiente para compensar a falta de um roteiro melhor e mais desenvolvido, com personagens mais elaboradas e melhor material para os actores poderem trabalhar.
Em 17 Dec 2018