Autor: Filipe Manuel Neto
**Uma boa comédia, ainda bem presente na memória colectiva e nalguns canais de TV.**
Este filme faz parte de um conjunto de comédias que marcou bastante os anos Noventa, e que foi protagonizada por Arnold Schwarzenegger. Nem todas funcionaram bem, mas o facto é que permanecem bastante frescas na memória colectiva e são presença ainda em alguns canais de TV especializados em cinema.
Neste filme, vemos o encontro de Jules e Vincent, dois irmãos gémeos não idênticos que são o fruto de uma experiência científica genética altamente secreta, a qual visava, na prática, apurar as características genéticas humanas. Eles não se conheciam e vão, juntos, aprender a conhecer-se e descobrir o que restou da sua família de sangue. Nestes entretantos, Vincent vai tentar livrar-se dos criminosos que o perseguem, e ajudar o seu irmão a arranjar uma namorada.
O filme roda sobre uma premissa assustadora… principalmente quando pensamos no que já foi feito em nome do aprimoramento genético e racial. As bases científicas para a experiência que o filme relata também me parecem dúbias e questionáveis, tal como a forma como Jules viveu isolado, sem conhecimento empírico do mundo até atingir a maturidade. Portanto, o filme tem imensas coisas estranhas e inacreditáveis para um roteiro tão diminuto, mas tentei ao máximo relativizar isso, dar uma chance ao filme. Senti ser justo, posto que ele veio a revelar-se num bom pedaço de entretenimento, capaz de fazer o tempo passar depressa e de me divertir. Não é um filme que nos faça rir até às lágrimas, mas tem os seus momentos.
Apesar de o elenco contar com nomes como Chloe Webb ou Bonnie Bartlett, o protagonismo é inteiramente da dupla Arnold Schwarzenegger & Danny DeVito. Desejoso de mostrar poder ser mais que uma figura de acção musculada, o gigante austríaco foi enorme na forma como se agarrou à personagem dele e a tornou verdadeiramente agradável, ainda que eu, por vezes, a considerasse artificial. DeVito é excelente na sua personagem histriónica, exagerada, manhosa e desonesta. A actuação excessiva do actor combinou bem com a personalidade da personagem. Ainda penso que podemos mencionar particularmente o trabalho de Kelly Preston: ela não era mais que uma menina ‘sexy’ para ser interesse amoroso de Schwarzenegger e não tinha muito para fazer, mas desembaraçou-se bem.
Tecnicamente, o filme é bastante discreto e não sobressai. A maioria dos valores de produção é padrão e está dentro do que podíamos encontrar num filme mediano da década de Noventa. É o caso da cinematografia, dos figurinos, dos adereços, dos cenários… cumprem bem o seu papel, mas não trazem nada de realmente notável. A banda sonora merece uma nota positiva: não é brilhante, tem uma sonoridade muito presa aos anos Oitenta, com toques de sintetizador e de meios electrónicos, mas funciona e faz-se ouvir. A edição do filme foi feita com algum cuidado e garante um ritmo agradável, com a história a desenrolar-se sem atropelos nem atrasos.
Em 17 Oct 2021