Autor: Filipe Manuel Neto
**Um filme de acção regular onde os ladrões são tipos porreiros.**
Filmes sobre policias e ladrões são um tema clássico do cinema. O crime organizado, por sua vez, é uma realidade indesejável. Este filme é excelente ao tentar retractar a maneira metódica como as gangs agem, mesmo sendo um filme de ficção puro, despretensioso, que não quer ser uma obra de arte mas apenas entreter e proporcionar bons momentos de acção. Perseguições que parecem corridas de rua, tiroteios, bandidos implacáveis, polÃcias resolutos e um tipo simpático que só quer ajudar um irmão mais problemático... ah, e Angelina Jolie, dando vida a uma personagem que basicamente só tira proveito dos seus atributos fÃsicos.
O roteiro, de H. B. Halicki e Scott Rosenberg, não tem nada de extraordinário, excepto a enorme quantidade de carros para roubar. Mas cai num erro de muitos filmes de crime ao fazer dos ladrões verdadeiros heróis. Memphis Raines (Nicolas Cage) é um ladrão reformado forçado a roubar para salvar o seu irmão. Ele sabe que está errado e tenta impedir que o irmão roube mas, se excluirmos tais ideias, o resto do filme é como uma "glorificação" do roubo de carros. Nesse ponto, o roteiro precisava de ser corrigido. Acho que este filme podia ser mais interessante com conflitos psicológicos mais profundos em torno disso e do relacionamento familiar problemático. A nossa sociedade está muito degradada, por isso porque não explorar o conflito "bem versus mal" de outra maneira? Temos mesmo de glorificar criminosos?
Apesar disto, o filme tem duas coisas boas. Primeiro, o elenco de estrelas liderado por Nicolas Cage, Angelina Jolie, Robert Duvall, Giovanni Ribisi, Christopher Eccleston e outros nomes. É um elenco bom demais para o filme que é. Talvez tivesse sido melhor se o director e os roteiristas tivessem sido mais exigentes com o elenco e os forçassem a dar o seu melhor, permitindo-lhes ver e explorar o potencial de cada personagem, mas isso não aconteceu. Por exemplo, a personagem de Jolie não faz nenhuma honra ao talento dela. Em segundo lugar, as cenas de acção: algumas são clássicas mas ficam sempre bem e os efeitos visuais e sonoros tornam-nas ainda melhores.
Em 04 Apr 2018