Autor: Filipe Manuel Neto
**Bom, sem ser brilhante.**
Este filme segue o curso do alpinista alemão Heinrich Harrer, que viaja ao Tibete para escalar uma montanha. O fracasso da tentativa e a eclosão da Segunda Guerra Mundial levam-no a ser preso num campo de prisioneiros britânico (a Índia era uma colónia britânica), de onde consegue fugir para o Tibete, um país neutro e fora da jurisdicção inglesa mas avesso a estrangeiros. No entanto, é capaz de entrar e se estabelecer na capital, onde conhece o jovem Dalai Lama e o ajuda na sua educação. Assim começa uma amizade entre ambos, retractada de maneira tocante.
O enredo tem uma história forte por trás e é muito interessante, com um roteiro de bases morais e históricas bem desenvolvido, embora não se concentre nos factos históricos mas no elo pessoal do protagonista com o que aconteceu por lá. Senti que a invasão chinesa foi quase uma nota de rodapé e o filme acabou perdendo ao desvalorizá-la.
Brad Pitt deu vida ao protagonista e, apesar de um desempenho razoável, não fiquei totalmente satisfeito com a personagem dele. Parece que ele nunca encarnou verdadeiramente o papel do alpinista que interpreta. David Thewlis mostrou-se mais capaz na sua personagem, mas, sendo uma personagem secundária, havia pouco para o actor. Nunca se chega a entender se Harrer é um simpatizante das ideias nazistas ou se foi apenas uma vítima dos acontecimentos, como tantos alemães que sofreram com a Segunda Guerra Mundial e nunca se reviram nas ideias do regime.
O filme explora muito bem todo o ambiente tibetano, com paisagens impressionantes. Embora o filme não consiga criar um épico de montanha com um pano de fundo emotivo, é bom o suficiente para merecer nossa atenção e faz um bom trabalho mostrando um pouco do que o Tibete foi no passado. Estou até surpreso que o filme não tenha sido indicado para um único Óscar, mas talvez os motivos políticos e a pressão chinesa tenham silenciado a Academia.
Em 25 Jun 2018