Autor: Filipe Manuel Neto
**Um bom filme familiar, com mensagens moralmente edificantes.**
Este filme gira em torno dos problemas de sucessão ao trono de um micro-estado europeu fictício chamado Genóvia, que provavelmente foi inspirado em Andorra e Mónaco, acho. O país é governado pela dinastia Renaldi (quase Grimaldi), mas a sucessão agora depende de uma adolescente americana que não sabe que é princesa e não foi criada para isso.
O enredo foi bem pensado e tem muitas situações divertidas. Obviamente, uma situação como a do filme (uma princesa que não sabe que o é) é impossível. Eles sabem que são da realeza, mesmo que vivam no anonimato (muito comum em países que eram monarquias mas deixaram de o ser, como Portugal ou a França). Mas ainda é engraçado, e a maneira como a situação é explicada é quase convincente. Quase, porque eu não entendo como Mia nunca descobriu o seu verdadeiro sangue antes de a avó vir visitá-la. Isso parece bastante ilógico para mim, mas...
O filme enfatiza algumas coisas que correspondem à vida da realeza. Uma delas é a necessidade de preparar o futuro rei, dando-lhe a educação e treino indispensáveis para a posição que terá. Mia faz um tremendo esforço para aprender, com erros sucessivos que encantam o público. É de morrer de rir, mas também mostra o quão difícil e exigente é realmente. Outro ponto que vi e que corresponde à vida real é o exame público a que está actualmente sujeita a monarquia, através da mídia de massas. Se um rei dá um passo em falso, por menor que seja, esse passo é destilado e autopsiado por audaciosos jornalistas e rapidamente se torna numa crise ou num escândalo. Mas a mensagem central do filme está em nunca esquecermos as nossas origens ou as pessoas que faziam parte da nossa vida antes de chegarmos ao nosso auge. Essa mensagem, moralmente edificante, faz falta a muitos "plebeus" que, alcançando a fama e a fortuna, esquecem de onde vieram e de quem foram.
Este é, penso eu, o trabalho que empurrou Anne Hathaway para o caminho da fama, com toda a justiça. A actriz mostrou talento e habilidade para explorar os dilemas psicológicos da personagem. Julie Andrews também parecia bem no papel de rainha, embora não tenha explorado muito a divisão entre a figura pública e o que ela é em particular. Teria tornado a personagem mais interessante. Hector Elizondo interpreta um papel curioso e eu nunca percebi o que ele realmente é. Motorista? Chefe de Segurança? Chefe de Pessoal? Amante da rainha? Tudo misturado? O elenco secundário também não parecia mal. As piadas foram muito bem pensadas e foram bem enquadradas no filme.
Este é um bom exemplo do que eu chamo de "filmes de contos de fadas". Mas, ao contrário de outros filmes em que qualquer um pode ser um príncipe, Mia sempre foi uma princesa por direito, ela simplesmente não sabia disso. O engraçado sobre o filme são as dificuldades da adolescente em lidar com isso. É um bom filme para toda a família, com boas piadas e interessantes mensagens morais.
Em 12 May 2018