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Produção: Estúdios Globo
Tratando a Síndrome de Down como eixo central, novela apresenta dramas cotidianos das famílias brasileiras.
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**Uma boa história, mas com demasiados momentos mortos e muito açucarada.** Para quem gosta de telenovelas, o Brasil é um terreno fértil, já que a esmagadora maioria dos canais de TV do país transmite, em média, quatro novelas diárias. Invariavelmente, parte desse material acaba sendo distribuído pelo mundo. Um dos mercados mais permeáveis é, claro, o português, devido à sua proximidade cultural e linguística. Eu vi "Páginas da Vida" por duas vezes: a primeira foi em torno de 2007 e a segunda foi há cerca de dois anos, quando foi re-emitida. Ao contrário da maioria das novelas de Manoel Carlos, o enredo tem algo mais interessante do que o mero romance e melodrama que ele geralmente nos apresenta. A história gira em torno de dois irmãos, gémeos falsos separados à nascença por uma avó implacável, que manteve o neto mas rejeitou a neta por ter Síndrome de Down, tendo esta sido adoptada por uma médica da clínica onde nasceu. Novamente, temos aqui os médicos com um papel relevante no desenvolver da trama. Este tipo de fixações são o que mais me irrita em Manoel Carlos pois parece que estamos a ver a mesma novela, mastigada e refeita pela décima vez. De facto, Manoel Carlos não é original e todas as novelas que escreveu são tão parecidas que irritam. Enfim, valeu a pena ver esta novela pela bela história envolvendo as crianças e vi com prazer o desenvolvimento do enredo, apesar de ter muitos momentos mortos, onde nada acontece e estamos só a dar audiência ao canal de TV sem receber nada em troca. Gostei da performance de Regina Duarte, uma excelente actriz (é a eterna Viúva Porcina para mim), embora a personagem fosse muito carinhosa para ser verdadeiramente agradável, como um café onde alguém deitou demasiado açúcar. Lília Cabral também esteve excelente. Por outro lado, José Mayer foi demasiado parecido com ele mesmo e milhares de outras personagens que fez, o que é mau para um actor.
Em 13 Nov 2018_Páginas da Vida_ é uma novela que só quem tem uma boa memória afetiva vai aguentar ver inteira. Das tramas do Maneco é a que tem uma primeira fase bastante movimentada (é a melhor nesse sentido), mas o plot central não segura 203 capítulos. O autor tanto sabia disso que resolveu enfiar 4886523 personagens com histórias boas, trouxe a Sônia Braga de volta pro Brasil e tudo, mas ele se atrapalhou demais na condução do roteiro. Pela reprise no Viva soube que a culpa caiu em cima do diretor, mas acredito que ele não podia fazer milagre algum quando, por exemplo, a Sônia Braga entrou na história com um plot X mas que acabou cancelado sem qualquer explicação e teve que se transformar num plot Y, que precisou esperar meses pra acontecer. E esse nem foi o único problema. Desde quando a Regina Duarte caiu em desgraça por causa de seus terríveis posicionamentos políticos, seu talento pra atuação passou a ser questionado. Assistindo essa reprise, eu fiquei com pena do quanto ela regrediu como pessoa porque muita coisa que a Helena militou na novela é completamente o oposto da Regina de hoje. E ela defendeu muito bem o personagem até onde podia, porque a má condução da história afetou um pouco a importância da personagem. Mas quem esteve impecável do começo ao fim foi a Lilia Cabral. Ela sempre foi uma grande atriz, mas a interpretação dela aqui como Marta foi outro nível. Não foi a toa a indicação ao Emmy Internacional. E ela formou uma excelente parceria com o Marcos Caruso, também impecável mesmo repetindo um tipo que ele já tinha feito em Mulheres Apaixonadas.
Em 16 Jul 2022
