Autor: Filipe Manuel Neto
**Não é tão mau quanto dizem, mas é melhor não tecer comparações com o filme inicial.**
Depois de um bom começo, a franquia *Pesadelo em Elm Street* rapidamente saiu dos trilhos com este filme, que é bastante idiota nas suas premissas e tem um roteiro muito fraco. Porém, a melhor maneira de apreciar este filme é não o comparar com o filme anterior e não pensar muito no roteiro. É um filme cru e tem cenas que podem chocar os mais sensíveis, e funciona razoavelmente hoje em dia se dermos alguma tolerância às falhas evidentes.
Neste filme, uma nova família vai viver para a casa onde aconteceram os eventos principais do filme anterior, e o jovem adolescente da nova família rapidamente começa a sofrer com muitos pesadelos. É, novamente, Freddy Krueger em acção, mas desta vez decidido a possuir o jovem e a fazer os seus crimes através das mãos dele. Tudo o resto é bastante previsível, com o rapaz a ser incompreendido por quase todos à medida que tenta combater um mal que não sabe bem como derrotar.
O filme não é tão mau assim, e o director Jack Sholder mostra que quer estar à altura do filme que o precedeu sem, todavia, fazer mais do mesmo. De facto, há cenas inquietantes, e o começo do filme é promissor. Todavia, um dos maiores problemas do filme é a previsibilidade: à medida que o filme avança, o público percebe tudo o que vai acontecer e consegue antever os perigos e os sustos a quilómetros de distância. É, ainda, um filme pouco atmosférico, onde a tensão palpável do primeiro filme raramente se faz sentir.
O elenco é outro problema deste filme. É verdade que é o único filme da franquia onde o herói é masculino, e eu até achei interessante essa mudança, mas o facto é que a personagem é muito mal desenvolvida, não tem qualquer espécie de carisma e não nos suscita qualquer simpatia. Também me parece que Mark Patton não era o actor certo para a personagem, na medida em que parece perdido no filme, e durante a maior parte do tempo não faz mais do que chorar e se lamentar constantemente. O resto do elenco está lá porque tem de ser, muito embora eu tenha gostado da performance de Kim Myers, uma jovem actriz que soube agarrar na personagem dela e dar-lhe personalidade, ainda que não possa fazer muito mais do que fez. No meio de tudo isto, é Robert Englund que se destaca e dá ao vilão da série mais um filme que ajuda certamente a torná-lo memorável e icónico.
Tecnicamente, é um filme discreto e pouco notável. A cinematografia é o padrão e está dentro do que poderíamos exigir, mas não notei nada de particular nela, nem tampouco nos cenários ou figurinos, que parecem aproveitar algum material do filme anterior. Não cheguei a dizer isto na resenha do filme anterior, foi um esquecimento meu que o correr da pena não me permitiu emendar, mas penso que o departamento de maquilhagem merece um aplauso pela forma com que idealizou e concretizou a maquilhagem de Krueger e fez parecer as suas queimaduras reais e grotescas. A banda sonora funciona bem e a música incidental é bastante boa.
Em 03 Apr 2021