Autor: Filipe Manuel Neto
**Frankenstein remastigado e adulterado.**
Quando eu era criança, havia um programa de televisão infantil de desenhos animados chamado "Gárgulas". Os leitores que foram filhos (ou pais) durante os anos Noventa provavelmente devem lembrar-se. Bem, este filme parece uma mistura desse desenho animado com a história de "Frankenstein". O enredo é bastante estúpido, com gárgulas de catedral que estão vivas e travam batalhas épicas contra demónios à vista dos humanos (que curiosamente nunca se apercebem de nada). Esta não é a primeira vez que a história de Frankenstein foi usada para dar vida a qualquer coisa morta num filme. "Van Helsing" é outro filme em que o mesmo recurso é usado da mesma maneira e com resultados igualmente maus. Parece que a máquina de Frankenstein funciona para tudo, o que é ridículo. Assim, partindo de uma má ideia, esse filme estava condenado à partida.
Aaron Eckhart e Miranda Otto são as grandes estrelas do filme. Ele faz o papel de Adam, a criatura criada por Frankenstein, que se junta às gárgulas lideradas pelo personagem de Otto, a rainha Leonore. Ambos os actores fizeram performances regulares, sem falhas mas também sem surpresas. Otto parece particularmente fria e impessoal. A parte mais forte do filme é a acção e as cenas de luta, polvilhadas abundantemente com CGI, explosões e óptimos efeitos sonoros. Na verdade, essas cenas foram feitas com cuidado e são espectaculares, mas não são suficientes para justificar o filme e torná-lo bom. O ambiente escuro e gótico irá agradar aos fãs da subcultura, as cenas de acção irão atrair adolescentes sedentos por lutas, mas só isso. O público que procura alguma profundidade, lógica ou sentido cinematográfico provavelmente ficará desapontado.
Em 28 Apr 2018