Os Estranhos: Capítulo 1

Autor: Pedro Quintão

"The Strangers: Chapter 1" foi uma experiência que me deixou um pouco dividido. Por um lado, a tensão e a forma como o filme manipula a nossa ansiedade merecem algum mérito. O realizador, que é o mesmo de "A Nightmare on Elm Street 4", o meu filme favorito dessa saga, conseguiu criar uma atmosfera que, em vários momentos, me deixou tenso. A cinematografia é um dos pontos altos, com enquadramentos bem pensados e uma iluminação que acentua o clima de terror e desespero. No entanto, apesar destes aspetos positivos, o filme cai em alguns clichés do género de terror, que acabam por o limitar. A maior parte do meu descontentamento recai sobre os protagonistas e as suas ações. O casal não só carece de química, como as suas decisões são burras. É frustrante observar essas personagens a tomarem decisões completamente irracionais. Um exemplo disso é quando optam por se refugiarem dentro de casa em vez de fugirem pelo exterior. Esta falta de inteligência nas suas ações quebra a imersão e dificulta a empatia com as personagens, pois é difícil torcer por alguém que constantemente parece procurar um destino trágico nas mãos dos três assassinos mascarados. Outro ponto que não posso deixar de mencionar é a cena pós-créditos. Para mim, não fez muito sentido e pareceu-me completamente desnecessária. Em vez de adicionar um cliffhanger (gancho) intrigante para os próximos capítulos, só serviu para mostrar um momento tosco, sem sentido e sem um propósito claro. Apesar dos seus defeitos, "The Strangers: Chapter 1" ainda oferece um entretenimento decente para quem procura um filme de terror que distraia durante 1h30m. A premissa básica é eficaz e a execução técnica do filme é competente. Espero sinceramente que as futuras partes surpreendam e levem a narrativa para diferentes níveis, evitando os erros cometidos neste primeiro capítulo. Em suma, "The Strangers: Chapter 1" é um filme que tem os seus momentos de brilho, mas que é prejudicado por clichés e personagens pouco inteligentes. No entanto, a qualidade da cinematografia e a capacidade de gerar ansiedade são motivos suficientes para justificar uma visualização. Fico na expectativa de que as sequelas adicionem algo de novo e consigam redimir os aspectos mais fracos deste início.