Autor: Filipe Manuel Neto
**Um bom filme para crianças e jovens que pode, pela sua doçura, fazer os adultos sentir que estão a mais na sala.**
Ver este filme é como ouvir um conto de fadas, ou uma fábula, ambientada nos nossos dias. É a melhor forma que encontrei para o descrever. O que temos é uma família que decide adoptar um ratinho branco, órfão, após uma visita a um orfanato, e que vai contar com a hostilidade do gato da casa, descontente por agora ter um rato como o seu dono.
Vi o filme quando era criança, no cinema, e gostei muito dele. Agora, passados mais de vinte anos, resolvi vê-lo novamente como pessoa adulta que sou e tive uma sensação um pouco diferente. O filme é extremamente simples, a direcção de Rob Minkoff conseguiu compreender bem a doçura e a eficácia simples do trabalho que tinha em mãos, mas não foi capaz de moderar o açúcar. Isto é, nós sentimos, várias vezes durante o filme, que há um excesso de doçura, e isso faz o público adulto sentir-se a mais na sala. Eu senti isso agora e esse foi o grande problema do filme para mim, um problema que a generalidade das crianças terá ignorado sem grandes dificuldades.
Se o pequeno Stuart é uma personagem verdadeiramente adorável, o mesmo pode não ser consensual quando pensamos na sua família adoptiva. As personagens não foram tão bem desenvolvidas quanto poderiam, mesmo considerando que é um filme para crianças e jovens. Geena Davis e Hugh Laurie fazem um trabalho muito bom no papel dos pais e Jonathan Lipnicki não fica muito atrás, dando à sua personagem uma autenticidade bem vinda. Mesmo assim, fica a questão do que os actores poderiam ter feito com material melhor nas suas mãos. O trabalho dos actores de voz é bastante bom. Michael J. Fox e Nathan Lane merecem todo o destaque neste departamento.
A nível técnico, creio que temos realmente de destacar pela positiva toda a animação de CGI envolvendo os animais e as suas atitudes. Os efeitos também são muito bem feitos e nota-se que há algum investimento financeiro no filme. Claro, uma casinha pequena, quase de brinquedos, em meio ao Central Park, um dos lotes de terreno mais caros que se pode conceber, é difícil de acreditar, mas isso é um detalhe. Os cenários e figurinos de aspecto muito familiar, a puxar um pouco os anos 50, também foram uma boa adição e a banda sonora faz um trabalho inteligente.
Em 13 Aug 2023