Autor: Filipe Manuel Neto
**Um bom filme, que não assusta nem é de terror, mas pode ser visto como um thriller de ‘suspense’.**
Filmes sobre maldições ciganas são sempre interessantes porque é algo que não costuma ser muito abordado pelo cinema de horror. Eu, pelo menos, tenho essa percepção. Neste caso, o filme tem a vantagem de ser baseado em mais uma história criada pela mente fervilhante de Stephen King.
A história baseia-se numa personagem, Billy. Ele é um advogado obeso que tem tentado perder peso com sucessivas dietas, sem sucesso por falta, absoluta, de força de vontade para as levar a cabo. Porém, numa noite, enquanto dirigia distraído, atropela uma velha cigana, matando-a. Os ciganos vão ao tribunal, esperando que ele seja condenado de alguma forma, mas o juiz toma o caso como um acidente e Billy sai totalmente impune do sucedido. De modo a impedir isso, e pelo menos haver alguma justiça, o velho cigano, pai da mulher morta e chefe da comunidade, vai até Billy e lança sobre ele uma maldição terrível: emagrecer e perder peso até à morte.
O filme tem boas premissas e uma história prometedora, mas também tem vários problemas: para começar, o humor negro não é para qualquer um. Eu gosto, mas compreendo se uma pessoa me disser que não gosta. Outro problema (para mim não foi um problema) é que o filme nos faz sentir culpados por simpatizarmos com um homem que atropelou uma pessoa e saiu impune. De facto, a personagem Billy é simpática e agradável, e os ciganos são retractados de uma forma tão carregada, com cores tão bruscas, que é impossível simpatizar com eles ou com aquilo que eles dizem e pensam.
Robert John Burke é muito bom no papel principal e a forma como ele vai dando corpo à enorme transformação física e mental da personagem é um trabalho notável. Também Joe Mantegna, no papel de um mafioso violento, mas leal, está muito bem. Mas ainda melhor do que ele é um grandioso Daniel von Bargen, um actor menos conhecido, mas que foi excelente no papel que lhe foi dado. Kari Wuhrer e Lucinda Jenney também contribuem, em personagens menores.
Tecnicamente, o filme é bastante mediano. A cinematografia não sobressai particularmente, e o mesmo poderia ser dito da banda sonora, dos figurinos e dos cenários. O que realmente está de parabéns são os efeitos visuais e especiais, pela forma como conseguiram transformar uma pessoa extremamente obesa num verdadeiro cadáver. Não podemos, também, esquecer o bom trabalho dos maquilhadores, essenciais para a aparência disforme de outras personagens deste filme, também amaldiçoadas pelos ciganos.
Em 31 Jan 2021