Autor: Pedro Quintão
Azrael começa com uma premissa intrigante: um cenário pós-apocalíptico em que uma mulher, interpretada pela talentosa Samara Weaving, é perseguida por uma seita. Até aqui, parece um filme de terror com potencial, especialmente com Weaving, uma atriz conhecida por papéis sólidos no género. No entanto, apesar do cenário promissor, o filme acaba por tropeçar em vários pontos.
A escolha de quase não ter diálogos é ousada, remetendo a filmes como A Quiet Place ou Bird Box, mas, ao contrário destes, Azrael não consegue aproveitar essa estratégia para criar a mesma tensão ou imersão. Com apenas três frases ao longo de todo o filme, a narrativa parece ter dificuldade em encontrar um rumo claro, deixando várias questões por resolver.
O maior problema do filme é a sua indecisão quanto ao género. Tenta ser um pouco de tudo: um filme sobrenatural, um slasher, um terror psicológico, e até um thriller de sobrevivência. Esta mistura de géneros, em vez de enriquecer a história, acaba por a diluir, resultando num filme que não segue uma direção clara e que falha em criar uma identidade própria.
Ainda assim, alguns pontos positivos merecem destaque. As cenas de perseguição são bem executadas e conseguem gerar alguma adrenalina, embora falhem em alcançar o impacto que poderiam ter. A atmosfera religiosa, presente em algumas partes, é outro elemento interessante que, infelizmente, não é explorado ao seu máximo.
Samara Weaving, uma atriz frequentemente associada ao terror, tem aqui uma performance decente, mas longe de ser memorável. Quando comparada ao seu papel em Ready or Not, que em breve terá uma sequela, Weaving parece subaproveitada em Azrael, como se o filme não lhe desse o espaço necessário para brilhar.
No geral, Azrael tem boas ideias, mas falta-lhe a coesão e profundidade necessárias para se destacar. É um filme que, apesar de entreter, não deixa uma marca duradoura, e perde-se na tentativa de ser tudo ao mesmo tempo.
Em 19 Oct 2024