Autor: Filipe Manuel Neto
**Perturbador, não é um filme para qualquer um.**
Neste filme, inspirado num conto de Stephen King, um homem que trabalha como escritor e que usa um pseudónimo em virtude de os seus livros não terem tido sucesso comercial, apercebe-se que o seu pseudónimo ganhou vida e, a partir daí, trava um combate o próprio alter-ego mau, que é um irmão gémeo que não chegou a nascer. Eu só nunca compreendi verdadeiramente como pôde ele crescer e vir a tornar-se uma pessoa, nem como acabou associado aos bandos de pardais ameaçadores que o filme mostra.
O filme é bom e algumas cenas são verdadeiramente cruas, chocantes. Com um bom roteiro, não sei até que ponto respeitou o conto de King, mas o certo é que está bastante bem assim. George Romero, o director, não é um recém-chegado: ele já traz consigo uma bagagem de respeito no que diz respeito ao cinema de terror, mas terá obtido, com este filme, um dos seus trabalhos mais notáveis enquanto realizador. Timothy Hutton fez um excelente trabalho e deu vida a uma pesonagem mais complexa, que não raras vezes nos parece ter dupla personalidade. De facto, o vilão é verdadeiramente doentio. Os restantes actores só se limitam a apoiar o trabalho de Hutton.
Este não é um daqueles filmes onde os efeitos visuais e especiais sejam verdadeiramente algo notável. Porém, eles têm os seus momentos de génio, como aquele olho humano no cérebro do protagonista. O filme não assusta particularmente, mas a série de imagens e sons perturbadores que possui, de tempos a tempos, é algo que pode deixar o público bastante desconfortável. Eu pensei em falar sobre o final do filme também, mas acho melhor cada um ver por si mesmo. Verdadeiramente bom.
Este é um filme que sabe assustar e sabe impressionar o público. Em virtude disso, os menores de idade e as pessoas impressionáveis não o devem ver.
Em 20 Dec 2019