Hurricane: O Furacão

Autor: Filipe Manuel Neto

**Uma versão simplista e redutora de uma situação real com personagens verídicas.** Este filme baseia-se muito largamente na biografia de Rubin "The Hurricane" Carter, um famoso pugilista que, durante os anos 60, chegou a ser um dos melhores nomes do campeonato de pesos médios, e um concorrente sério ao título mundial. Preso por um crime que não cometeu e condenado de maneira injusta, passou décadas a defender a própria inocência, sem conseguir todavia prová-la. O caso foi sobejamente conhecido e a sua inocência foi defendida por pessoas como Bob Dylan, cuja canção "Hurricane" é virtualmente um ‘leitmotiv’ aqui. O filme é bom, mas não foi tão bom quanto eu esperava. O cinema está cheio de filmes em que a sobrevivência no ambiente prisional é abordada, com referências exaustivas à desumanidade e à angústia sentidas por quem está preso. Até aqui, o filme não nos traz nada de novo. O grande diferencial é ser uma história verídica, baseada numa pessoa real e num livro que ela escreveu. Em redor desta história, desenvolve-se ainda a ideia de que toda a vida de "Hurricane" Carter se torna num símbolo da luta dos direitos dos negros e do combate contra o racismo. Eu não tenho a certeza se isso foi assim, ou se o filme está a aproveitar o material numa época em que fica bem, e é politicamente correcto, abordar estes temas nesta perspectiva. E sob essa perspectiva, a batalha jurídica pela libertação de Carter assume-se como uma cruzada do Bem contra o Mal, o que é, no mínimo, uma visão redutora e simplista das coisas. Denzel Washington é uma aposta segura para o papel principal, ainda que me pareça talvez um pouco desajustado para a personagem: o actor é mais alto e mais forte do que a personagem, e isso é algo que o filme simplesmente não consegue disfarçar. Porém, a partir do momento em que superamos isso, o actor compensa-nos largamente com um trabalho impecável, um enorme desempenho dramático, cheio de profundidade e empenho. Vicellous Shannon não fica atrás e faz, também, um trabalho excelente, muito embora a personagem seja bastante mais acessível. Tudo o resto é bastante mais fraco: por um lado, Dan Hedaya parece querer corporizar todo o ódio racial possível, por outro lado, o trio composto por Liev Schreiber, Deborah Unger e John Hannah tenta fazer exactamente o oposto, enfatizando a polarização racial do filme: não há meios termos, há bonzinhos e maus da fita. Tecnicamente, o filme apresenta uma excelente cinematografia e bons efeitos visuais, mas dá à história e ao roteiro todo o espaço necessário para brilhar, sem estorvos nem empecilhos. Tem bons cenários e figurinos, além de bons diálogos e um ritmo agradável. A banda sonora faz um bom uso da canção ‘leitmotiv’ de Bob Dylan, mas não apresenta mais nada digno de nota.

Autor: Rosana Botafogo

**English** The kind of movie that makes you angry, angry, sad, a mix of so many things, racism, social injustice, unprecedented evil, it's even bad to watch this movie on the Black Consciousness holiday, a consciousness that black people already have, and it's up to white people to acquire, to become aware of it... A magnificent and necessary movie so that we never forget these facts, applause to Judge Sarokin for doing the basics, justice, the villain is fictional to simplify all the bad men... Magnificent... **Portuguese** Aquele tipo de filme que dá uma revolta, um ódio, uma tristeza, um misto de tanta coisa, racismo, injustiça social, maldade sem precedentes, faz até mal assistir à esse filme em pleno feriado da Consciência Negra, consciência essa que os negros já tem, e cabe aos brancos adquirir, conscientizar se.... Filme magnifico e necessários para que nunca nos esqueçamos desses fatos, palmas ao Juiz Sarokin por fazer o básico, justiça, o vilão é fictício para simplificar todos os homens maus… Magnífico...