Autor: Filipe Manuel Neto
**No contexto do cinema oriental, é um bom filme… mas é muito diferente do cinema a que nós, no Ocidente, nos habituamos, e essa diferença acaba por matar o nosso interesse nesta obra.**
Eu acho que este filme foi o primeiro filme chinês que eu vi, não tenho bem a certeza. Eu não sou um especialista no cinema deste país, mas posso dizer que é um daqueles filmes que se vê sem um interesse muito especial. Claro, estou a falar do público padrão, porque há realmente apreciadores de filmes orientais que terão maior interesse neste material.
O roteiro assenta na história de Song Lian, uma rapariga muito jovem e bem formada que, após a morte do seu pai, é coagida a encontrar um homem rico com quem se casar. Acaba por ser a quarta esposa de um senhor, tendo de conviver com as demais esposas e aprender como se comportar num complexo sistema familiar, onde as rivalidades e invejas fazem parte da vida quotidiana.
O filme mostra-nos um tipo de convivência familiar que, para nós, no Ocidente, está longe de ser compreensível. Só poderia ter lugar em sociedades fortemente patriarcais, onde o papel da mulher é mais do que subalterno. Não é um filme excelente, mas é francamente decente e não excluo a probabilidade de ser um clássico do cinema chinês (os especialistas opinarão melhor).
Gong Li faz um trabalho muito bom no papel da jovem Song Lian, e é muito bem coadjuvada por Saifei He, Cuifen Cao, Lin Kong e Qi Zhao. Jingwu Ma também não faz um trabalho inferior, no papel do patriarca e marido de todas aquelas esposas. A cinematografia é muito boa, assim como os figurinos e os cenários, que nos fazem recuar no tempo e na geografia. O que impediu o filme, talvez, de ser um sucesso maior no Ocidente foi a falta de publicidade e a dificuldade para nos adaptarmos ao ambiente do filme, que é muito diferente do cinema que Hollywood costuma exportar: é muito mais meditativo, passivo e depressivo do que a maioria do cinema que os ocidentais consomem.
Em 08 Mar 2023