Os Estranhos

Autor: Filipe Manuel Neto

**Aborrecido e previsível.** Este filme conta a história de um casal que está sozinho numa casa isolada quando três indivíduos, com intenções maliciosas, começam a importuná-los. O que podia ser só um aborrecimento, no entanto, logo se torna uma situação de vida ou morte, pois os estranhos mostram-se dispostos a todas as atrocidades. O filme é supostamente inspirado (muito levemente) num caso real de crime, mas a ideia não é totalmente nova ou original, então não é mais do que uma remastigação de uma série de material já existente, ruminado em outros filmes como "A Última Casa à Esquerda" ou "Tu és o Próximo", misturado com umas boas toneladas de clichés de terror. Assim, torna-se fácil antecipar o curso dos acontecimentos, prever toda a história e até o final, sem surpresas. Pior: o filme basicamente consiste em puro assédio moral e psicológico, não há qualquer história ou enredo. É um casal, a correr numa casa, com medo pela sua vida, ponto final. Tão pouco material teria funcionado razoavelmente num filme curta-metragem, mas não serve para um filme de uma hora e meia de duração. Simplesmente cansa-nos com a alta tensão e suspense criados sem que nada os possa sustentar. Bryan Bertino teve aqui o seu primeiro trabalho como director. Claro... um caloiro que quer mostrar-se e dar provas de um talento que ainda não tem. Isso explica muita coisa neste filme... O uso abundante de efeitos sonoros para assustar é um recurso gasto e aborrecido. Sobre os actores, que são poucos, destaca-se Liv Tyler, a única actriz que eu já conhecia (fez um trabalho muito positivo em "Armageddon" e "Senhor dos Anéis"). Ela tem talento, mas o filme não se ajustava de modo a dar-lhe espaço para o mostrar. Foi um erro, para ela, aceitar o papel. O resto do elenco praticamente não se destaca e limita-se a fazer o que é preciso fazer. Apesar de tudo isso que eu disse, e de este filme me ter desagradado fortemente, é um daqueles filmes que podemos conseguir ver uma vez por outra, quando nos esquecemos o suficiente dele e quando queremos um filme que nos deixe meio adormecidos ou seja aborrecido o bastante para ver sem pensar nele.