A Liberdade é Azul

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Lançamento: 08 Sep 1993 | Categoria: Filmes

A Liberdade é Azul

Nome original: Trois couleurs : Bleu

Idiomas: fr

Classificação:

Genero: Drama

Site:

Poster: Ver poster

Produção: France 3 Cinéma, CED Productions, MK2 Films, CAB Productions, Studio Filmowe Tor

Sinopse

Após um trágico acidente em que morrem o marido e a filha de uma famosa modelo (Juliette Binoche), ela decide por renunciar à sua própria vida. Após uma tentativa fracassada de suicício, ela volta a se interessar pela vida ao se envolver com uma obra inacabada de seu marido, que era um músico de fama internacional.

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Reviews

Autor: Filipe Manuel Neto

**Dor, tragédia, luto, angústia mental e psicológica, um percurso catártico rumo à liberdade, num filme que não é para todos os públicos.** Eu precisei de três tentativas para conseguir ver este filme na totalidade. Sendo eu alguém que está neste momento a passar por um processo de luto muito difícil, foi-me particularmente duro ver o filme. Tudo começa com um grave acidente de carro onde a personagem principal, July, perde o marido e a filha. Ela, tal como eu mesmo, sente uma necessidade de fuga, de se isolar dos outros, e ela quase anula a si mesma por não suportar a dor e a ausência da família perdida. Sendo o filme uma espécie de metáfora em redor do conceito de liberdade, até que ponto é libertador ter estas atitudes? Eu sinceramente não sei. Por mais que fujamos, as nossas dores não deixam de nos confrontar, não deixamos nunca de ser quem somos. Em meio a tudo isto, o filme lança ainda considerações sobre as esperanças e caminhos do projecto da União Europeia por via da atribulada conclusão de uma sinfonia, encomendada pela União e deixada incompleta aquando da morte do marido de July, que era o seu compositor. Não conhecia o director Krzysztof Kieslowski, e acredito que pouca gente conhecerá. É um dos directores que nunca sai do circuito dos festivais dada a sua enorme erudição. Não acredito, de facto, que ele tenha feito filmes de cariz mais comercial. Este filme não agradará a todos, sendo até relativamente indigesto e incómodo, frio e depressivo como a própria cor que lhe dá nome. A cinematografia é muito talentosa, está carregada de recursos artísticos, enquadramentos de grande valor visual e beleza, cores frias onde o azul predomina e é omnipresente em quase toda a obra. Não podemos deixar de salientar a excelente actuação interpretativa que nos é dada aqui por Juliette Binoche, num dos trabalhos cinematográficos mais intensos, pungentes e fortes da sua carreira como actriz. Bénoit Regent e Charlotte Véry também não fizeram um trabalho mau, e dão, cada um por si e à sua maneira, um apoio muito importante ao trabalho de Binoche, mas é a actriz principal que, pelo seu enorme mérito, sustenta o filme e nos toca verdadeiramente. Não queria deixar de escrever algumas linhas acerca da banda sonora deste filme: o filme não é particularmente sonoro, na medida em que a inserção da música é bastante pontual, pensada e meticulosamente articulada com o que estamos a ver. E ao invés de usar várias melodias, ou de encomendar um vasto conjunto de peças incidentais, o filme aproveita apenas uma música, que se chama “Song for the Unification of Europe” e foi composta por Zbigniew Preisner. Feito no período após o Tratado de Maastricht, o filme é bastante europeísta, o que não deixa de ser irónico, dado o eurocepticismo reinante nos dias actuais, passados trinta anos.

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