Autor: Domenes
**Stuart Gordon** tem seu mérito indiscutível na história do cinema de horror, principalmente por seu clássico **Re-animator** (e a trilogia) e **"Do Além"**, obras homéricas do diretor inspiradas e adaptadas para as telas em ode ao escritor **H.P Lovecraft**. Suas filmografias clássicas são até hoje referências na história da arte e cinematografia do horror, principalmente por seus efeitos visuais práticos, porém com uma qualidade estética extremamente imersiva que consagrou um parâmetro de qualidade nos efeitos visuais da época. Stuart Gordon, apesar de ser um mestre do horror consagrado na década de 80 e 90, fez um ótimo trabalho em outros gêneros como ação** "A Fortaleza (1992)"** com **Christopher Lambert** e a comédia **"Querida, Encolhi as Crianças (1997)"**, um clássico da sessão da tarde, memorável até para quem nunca viu um filme de horror do diretor.
Sua importância ao gênero do horror foi consagrado na **série Mestre do Horror** nos episódios _“Dreams in the Witch-House”_ e _“The Black Cat”_.
Apesar de Stuart Gordon ser lembrado por suas adaptações memoráveis a obra de Lovecraft, infelizmente Dagon deixou a desejar. Não tem o humor ácido e nem a tensão equilibrada com o horror que o consagrou em Re-animator. Aliás, as conclusões, análises e percepções dos personagens aos fatos ocorridos são terríveis, assim como suas escolhas para sair de certos encalços. A dinâmica entre tensão, perigoso, mistério, sobrevivência e horror não acontecem. Algumas tentativas de sobrevivência e conclusão dos fatos chegam a ser estúpidas, tornando os personagens idiotas à própria sorte ao invés de personagens imersos em uma trama narrativa.
Compreendo que é difícil exigir “realismo” em uma trama onde deuses antigos são cultuados. Não é desse tipo de realismo que me referi. Mas assim aquele que define ações, escolhas e consequências lógicas. As ações são tão bobalhonas que parece que o roteiro foi escrito enquanto filmavam. Tornando a história sofrível e a imersão impossível. É difícil crer que os personagens estão em situação de risco.
Os efeitos digitais sofríveis passam e os efeitos práticos continuam interessantes, mas o desenvolvimento da história, e principalmente, os personagens e suas escolhas, deixam tudo mais arrastado, cansativo e desinteressante. Provavelmente houveram alguns percalços na pré-produção que refletiram no resultado final em si. Pois conhecemos a qualidade do diretor diante de trabalhos com grande e médio orçamento. Porém essa resposta só teremos do próprio Stuart Gordon ou um futuro documentário sobre suas obras.
Para quem é fan do diretor, vale pelo conhecimento da obra e visualizar (mesmo que de forma sofrível) a adaptação do conto Dagon de H.P Lovecraft. Para quem não é fan, será tempo perdido. Um demérito aos clássicos “Re-animator” e “Do Além”. Se você está entrando ao mundo Lovecraft agora ou será seu primeiro contato com as obras de Stuart Gordon. Não comece com Dagon.
Em 09 Mar 2022