Autor: Filipe Manuel Neto
**Desastroso.**
Esta é a sequela ao filme “Pet Sematary” de 1989 e é mais uma daquelas sequelas que ganharia em nunca ter sido feita. Ao contrário do filme original, que soube revelar-se satisfatório mesmo sem ser bom, este filme é tão estranho, tão absurdo e tão surreal que nunca funciona bem.
Tudo se passa alguns anos depois da tragédia que abalou a família Creed. Após sepultar a mãe, uma actriz que morreu num estranho acidente durante uma filmagem, o jovem Jeff muda-se para a cidade rural do primeiro filme, onde vai viver com o pai. É através de um incidente de violência escolar que ele descobre o Cemitério de Animais, e que posteriormente é levado até ao cemitério indígena amaldiçoado que existe atrás. A partir daqui tudo se torna tão óbvio, tão previsível e tão idiota quanto possível, à medida que eles vão dando vida aos mortos e sofrendo as consequências previsíveis dos seus actos.
O filme foi dirigido novamente por Mary Lambert e não podia ser pior. É um filme absurdo, em que a nossa noção de lógica é desafiada pelo desenrolar do roteiro, cada vez mais dissociado da realidade, ao ponto de algumas personagens, como Jeff, parecerem estar a viver um sonho ou uma ilusão provocada por narcóticos. Para tornar tudo ainda mais insuportável, o filme é lento e gasta imenso tempo em cenas perfeitamente dispensáveis ou que podiam ter sido encurtadas sem grandes dificuldades.
O elenco conta com nomes conhecidos do cinema dos anos noventa e acredito que os actores fizeram o melhor que podiam dadas as circunstâncias. Mas o facto é que receberam material de roteiro tão mau que não podiam brilhar. Foi o caso de Edward Furlong, que ainda estava nesta época a recolher os frutos de um trabalho excelente em *Exterminador Implacável 2*. Ele é um actor decente e faz o melhor que pode, mas o material que lhe foi dado neste filme é tão mau que penso que só por sorte é que a sua carreira não acabou sepultada aqui. Ao seu lado, Anthony Edwards também deu o seu melhor, mas Clancy Brown fez um trabalho muito mais interessante, vivo e cheio de energia, dando vida a um polícia verdadeiramente digno do nosso ódio. Darlanne Fluegel e Lisa Waltz não são tão interessantes e verdadeiramente parecem aparecer apenas por necessidade do roteiro.
Tecnicamente, o filme é tão mau quanto poderia ser. Aborrecido, lento, tem uma cinematografia desbotada e desinteressante, a que se somam cenários e figurinos pouco interessantes. O mais interessante e notável é, provavelmente, o cenário utilizado nas cenas climáticas, com todas as roupas, os adereços e outros objectos da falecida mãe do protagonista espalhados por toda a parte. Os efeitos visuais e sonoros não são brilhantes.
Em 18 Jan 2021