Autor: Pedro Quintão
Vi 28 Years Later sem grandes expectativas. Pensei que seria mais um daqueles casos em que a crítica delira, parte do público também, e eu fico a achar que é meramente “bonzinho” enquanto as pessoas me dizem "não compreendeste o filme", "tens de o ver outra vez", como se fosse obrigado a gostar de algo que todos gostam. Foi isso que me aconteceu este ano com Nosferatu e Sinners que, a meu ver, não são maus filmes, mas também não me dizem grande coisa. São aqueles que se vêem para passar bem o tempo e depois me esqueço deles.
No entanto, estava enganado sobre 28 Years Later, pois deixou-me agarrado do início ao fim.
Gostei do 28 Days Later, o filme original, à exceção da fotografia ser horrível ao ponto de parecer que mergulharam o filme numa fritadeira com óleo, mas este novo capítulo leva tudo para outro nível. É tenso, emotivo, visualmente impressionante, e consegue ser, sem exagero, um dos filmes de zombies mais bonitos que já vi. E escrevo “bonito” mesmo no sentido mais puro, pois existe uma sensibilidade rara na realização de Danny Boyle e na escrita de Alex Garland capaz de mexer com as nossas emoções.
A narrativa é lindíssima. Existe uma lição sobre humanidade, sobre o que significa continuar a lutar num mundo sem vida e esperança. Não quero entrar em spoilers, mas fiquei mesmo comovido num momento em específico. Há cenas que me deixaram com um nó na garganta, e não é fácil um filme deste género fazer isso.
Mas nem tudo é belo, pois Danny Boyle não se esquece que isto é um filme de zombies e, portanto, há gore. Na verdade, há bastante sangue e as mortes são gráficas. Como disse, a realização é excelente, há uma direção firme e segura que sabe perfeitamente quando abrandar e quando acelerar a narrativa. Há momentos de verdadeira claustrofobia, outros de silêncio que elevam a tensão, e outros de pura adrenalina.
Visualmente, amei! Os tons estão incríveis e há planos belíssimos que me fazem querer visitar aqueles lugares. A única coisa que me fez torcer o nariz foi o uso do iPhone para filmar, pois em certos momentos a imagem distorce um pouco. Mas nada que estrague a experiência. Além disso, também apreciei a banda sonora que torna o filme ainda mais envolvente.
As personagens estão bem escritas, os vilões, que são uma nova espécie de zombies, que assustam e possuem um visual distinto, fazendo a tensão esteja sempre presente em cada cena e nos faça temer pelas personagens que se cruzam com eles pelo caminho.
Para mim, 28 Years Later supera o original. Sabe emocionar, chocar e ser belo. Para mim, foi sem dúvida, uma das grandes surpresas do ano, deixando-me completamente envolvido, e fazendo-me desejar a próxima sequela.
Em 21 Jun 2025