Minha Bela Dama

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Lançamento: 21 Oct 1964 | Categoria: Filmes

Minha Bela Dama

Nome original: My Fair Lady

Idiomas: Inglês

Classificação:

Genero: Música, Comédia, Romance, Drama

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Produção: Warner Bros. Pictures

Sinopse

Henry Higgins (Rex Harrison), um intelectual e professor de fonética, aposta que conseguirá, no período máximo de seis meses, transformar Eliza Doolittle (Audrey Hepburn), uma simples florista de rua que não sabe falar direito, em uma dama. Mas a tarefa se mostra muito mais difícil do que tinha sido imaginada originalmente.

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Reviews

Autor: Filipe Manuel Neto

**Um filme com muita qualidade, mas também com alguns erros difíceis de perdoar.** Este é um daqueles filmes acerca do qual ouvi falar muita coisa antes de decidir, realmente, sentar-me a vê-lo. É considerado por muitos como um dos maiores musicais de sempre e eu posso concordar que é realmente muito bom e tem condições para merecer esse galardão. Porém, não foi totalmente do meu agrado, como terei hipótese de explicar. Fortemente inspirado na história clássica de Pigmalião, o roteiro leva-nos até aos primeiros anos do século XX para conhecer um linguista fanfarrão chamado Prof. Henry Higgins. Ele é um perito em línguas e em dicção, e está plenamente convencido de que a maioria dos britânicos não sabe falar correctamente a sua língua (a minha dúvida é se há, em qualquer país, assim tantas pessoas que prezem a sua língua materna). E para provar a utilidade desse domínio resolve levar para própria casa uma mulher muito simplória e popular, a vendedeira de flores Eliza, e treiná-la como um cachorro. Quando tudo acaba, ele efectivamente conseguiu uma grande mudança na jovem, tanto ao nível da fala e dos comportamentos, quanto ao nível da mentalidade e expectativas de vida. Isto leva-me a falar do que mais me incomoda: a forma como aquela personagem irritante e presunçosa decide usar outra pessoa para os seus fins sem pensar nela. Higgins é um homem egoísta e presunçoso, além de ainda ser claramente misógino e pensar ter poder de moldar as pessoas à sua feição. Em adição, o roteiro confunde coisas distintas: saber falar bem e saber comportar-se na sociedade. Eu posso saber falar a minha língua da forma mais perfeita e não saber as regras que devo seguir num baile social ou jantar de gala. São coisas diferentes. A questão é abordada nas cenas em Ascott, mas ficamos sem saber como Eliza aprendeu a comportar-se daí para diante. A nível técnico, o filme é incrível. Ele procura adaptar um musical da Broadway, mas também bebe muita inspiração de um filme mais antigo, dos anos 30. Assim, tem excelentes melodias e canções, as mesmas do musical original. Infelizmente, os actores quase não cantam uma sílaba: elas foram cantadas por profissionais fora do palco, numa péssima decisão dos produtores que indispôs bastante a própria Audrey Hepburn. Outra falha é a confusão na concepção da época: o filme passa-se em 1911 ou 1912, mas há um amplo conjunto de adereços posteriores e um momento em que o rei inglês não é o que de facto reinava na época. O filme compensa largamente estas falhas com uma excelente cinematografia, muito bem enquadrada e luminosa, recheada de cores vibrantes e intensas (nota: eu vi a versão restaurada do filme), e com figurinos incríveis, muito particularmente os que foram feitos para Hepburn, e que têm ainda hoje lugar em colecções particulares e museus: penso que um dos figurinos dela foi leiloado por uma fortuna há uns anos. O elenco conta com vários actores de peso. Audrey Hepburn assume briosamente o papel de Eliza, que havia sido de Julie Andrews na Broadway, e aproveita esta ocasião para dar mostras inequívocas do seu talento. Porém, sinto que o filme não aproveita todo o potencial da actriz e não lhe dá margem para dar tudo de si mesma. Assim manietada, Hepburn faz o que pode, mas os fãs poderão vê-la em muito melhor forma noutros filmes. Quem domina mais a cena é Rex Harrison: o actor esbanja talento e parece perfeitamente talhado para a personagem que, de resto, fizera na Broadway por alguns anos. Não nos podemos esquecer das contribuições de Stanley Holloway e de Jeremy Brett, que fazem um trabalho bastante bom em personagens subaproveitadas.

Em 16 Jan 2024

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