Autor: Filipe Manuel Neto
**Um bom filme sobre um dos generais mais controversos da Segunda Guerra Mundial.**
Patton é dos mais controversos generais da Segunda Guerra Mundial. Um homem que se deixava guiar pelo instinto matador em lugar da razão, teve papel altamente relevante na derrota dos alemães, mas também protagonizou conflitos que mancharam bastante a sua folha de serviços. Oficial de cavalaria norte-americano, lutou na Primeira Guerra Mundial e é um dos nomes maiores do desenvolvimento dos tanques e carros blindados, tanto ao nível da concepção, quanto ao nível da estratégia, onde empregava movimentos rápidos de tropas e tácticas agressivas. Na Segunda Guerra, liderou a Operação Tocha, enfrentou o general alemão Rommel e competiu abertamente com Montgomery, que era mais prudente na sua abordagem. Ao ignorar gritantemente as ordens e agredir soldados que não parecessem empenhados, foi duramente repreendido e só recuperou na Batalha das Ardenas, quando deu apoio às forças aliadas.
Creio que posso fazer coro com a maioria das pessoas e dizer que o ponto forte do filme é a fortíssima interpretação de George C. Scott, que além de ser muito bom no que faz foi extraordinariamente convincente no papel do polémico “Bandido” (um dos muitos cognomes e alcunhas de caserna que Patton coleccionou). Ele rouba toda a atenção sem esforço e é um protagonista mais do que sólido, a que podemos juntar um consistente e competente elenco de apoio, onde pontificam o digno Karl Malden e Michael Bates.
Habilmente dirigido por Franklin J. Schaffner, o filme conta com um roteiro magnífico. Eu sou historiador, mas não sou um especialista no período em causa e, por tal, não sou a pessoa certa para avaliar o realismo histórico do filme. Porém, posso dizer que não vi erros gritantes. A cinematografia é bastante colorida e luminosa, aproveitando o melhor dos excelentes cenários, figurinos e locais de filmagem, que reproduzem bastante bem os cenários e ambientes. No entanto, se o que se quer é um filme de guerra com bastante acção, tenho dúvidas em indicar este filme: se exceptuarmos alguns bons combates, não há muito aqui. O filme resultou bem no mercado, foi rentável e a crítica foi muito receptiva. Em 1971, arrecadou sete dos dez Óscares a que foi indicado, nomeadamente Melhor Director, Melhor Direcção de Arte, Melhor Edição, Melhor Som, Melhor Roteiro Original, Melhor Actor (para Scott, que se recusou a aceitar o prémio por não se rever na cerimónia nem na competição) e Melhor Filme.
Em 17 Nov 2023