Autor: Filipe Manuel Neto
**Uma comédia antiga, mas onde falta realismo.**
Este filme, para mim, não é de terror. Eu nunca senti qualquer receio, ou sequer desconforto ao vê-lo. Pessoalmente, eu classifico-o mais como uma comédia de aventura ou de fantasia, pois o tom geral do filme é bastante leve para realmente se caracterizar como um filme de terror. Um filme que nos surpreende por fugir ao comum e ao rotineiro no género, e por nos dar momentos de verdadeira imprevisibilidade.
O enredo passa-se numa casa oitocentista para onde se acaba de mudar o escritor Roger Cobb. A casa pertencia à tia dele, recentemente falecida, e ele acredita que a casa está assombrada e que a entidade que ali persiste está de algum modo ligada ao desaparecimento do seu filho. E é claro, quem procura encontra, e não tarda que a casa se revele efectivamente assombrada. Em paralelo, acompanhamos os esforços de Cobb para escrever um drama ambientado na Guerra do Vietname, onde o próprio participou e que tem, aparentemente, um quê de autobiográfico e catártico para o escritor. Foi a parte do filme que menos gostei, sentindo que o filme abrandava muito durante estas cenas de guerra, inseridas quase à força no meio do filme. Teria sido melhor para mim se o filme não perdesse tanto tempo com isso. E é claro, há problemas óbvios de lógica e verosimilhança um pouco por toda a parte, como naquela relação obtusa com o vizinho.
O elenco é composto por actores de segunda linha, mas faz geralmente um trabalho positivo e esforça-se por nos agradar. William Katt é convincente no papel principal, Kay Lenz dá um apoio bem-vindo, mas quase não aparece e George Wendt foi eficaz no seu trabalho. O restante limita-se ao que realmente tem de fazer.
A nível técnico, é um filme que envelheceu e aparenta bastante a sua idade: a cinematografia é bastante morna, com cores lavadas, falta de contraste e brilho, muito embora isto nem sequer constitua um problema real porque é fruto das características técnicas e de filmagem existentes na época. A casa é uma personagem por direito próprio e é magnifica e visualmente elegante, com um estilo que me faz recordar os chalés românticos erguidos pela burguesia endinheirada de meados do século XIX. Os cenários são excelentes e correspondem ao esperado e a banda sonora é adequadamente tensa e soturna. O que realmente falhou foram os efeitos visuais e a maquilhagem: os efeitos visuais carecem de realismo, sendo que havia possibilidades de fazer melhor, com mais orçamento, e a maquilhagem é obviamente falsa e não convence ninguém.
Em 20 Nov 2021