Autor: Filipe Manuel Neto
**Se tudo fosse real, o filme teria gasto mais balas e armamento do que a invasão do Iraque… mas é quase tudo CGI de qualidade, num filme que é tão patriota que nos cansa profundamente.**
Costumo gostar de filmes de acção bem executados, mas infelizmente o cinema americano é prolÃfico em filmes de acção espalhafatosos e a puxar bastante ao auto-elogio e ao patriotismo oco. Filmes como *Dia da Independência* ou *Força Aérea Um*… e este filme limita-se a seguir nesse caminho e a imitar os seus predecessores. Basta observarmos o nome de código usado para nomear a Casa Branca: Olimpo! Como se o presidente dos EUA fosse uma espécie de Zeus dos tempos modernos! É algo, no mÃnimo, presunçoso.
O roteiro do filme é quase apenas uma enorme desculpa para cenas ininterruptas de acção. Ao cabo de uns meros minutos de filme, mergulhamos numa sucessão de tiros e explosões que não tem fim, e vemos a Casa Branca ser invadida por um verdadeiro exército, armado até aos dentes, sem que os Serviços Secretos ou o Exército Americano possam fazer seja o que for para o evitar. Com o presidente refém e todo o armamento nuclear americano à mercê de malfeitores, é só uma questão de tempo para haver consequências trágicas. Claro, tudo vai depender de um só homem, e da coragem e resistência do presidente, que será um verdadeiro herói.
Há no meio de tudo isto cenas e situações verdadeiramente cansativas. A acção começa quase sem qualquer aviso, e nunca mais para, sendo que a primeira meia-hora de filme deve ter gasto mais balas e pólvora que a invasão do Iraque. Sem dúvida, um recurso que capta logo a atenção do público, mas que condena boa parte do resto do filme a uma espécie de marasmo, à medida que os agentes secretos americanos procuram esgueirar-se para dentro da Casa Branca, cosidos ao que sobrou das suas paredes. Há, entretanto, cenas verdadeiramente apelativas para o bom patriota americano, como aquela secretária de Estado que é brutalmente espancada enquanto recita o juramento à bandeira. Por outro lado, senti que há uma importância exagerada e difÃcil de entender em torno do pequeno filho do presidente, como se ele fosse algum membro activo do Governo ou tivesse a chave de alguma bomba nuclear enfiada no bolso das calças.
O elenco conta com vários nomes de peso, começando pelo incontornável Morgan Freeman, em mais um filme de acção onde ele nos dá, de novo, o que já nos deu noutros filmes parecidos, especialmente em *Impacto Profundo*. Isso não significa que o actor fez um mau trabalho, apenas que não é nada particularmente original ou novo. Gerard Butler foi igualmente eficaz na forma como deu vida ao grande herói destinado a salvar o dia, e Aaron Eckhart também esteve muito bem na pele do heróico e patriota presidente dos EUA. John Yune, de resto, prova ser digno do nosso ódio pela sua maneira de agir e pelas suas intenções.
Tecnicamente, o filme aposta quase tudo em extraordinários efeitos visuais e especiais, fruto de um uso inteligente do CGI e da tela verde. Infelizmente, é algo tão espectacular e intenso que se torna quase inacreditável, como um jogo de vÃdeo. Os cenários são bons e parecem reproduzir bem os interiores e ambientes da verdadeira Casa Branca, ou pelo menos aquilo que nós vamos conhecendo e sabendo que existe. A cinematografia é igualmente muito boa e a banda sonora é eficaz, ainda que não seja memorável.
Em 08 May 2022