Autor: Filipe Manuel Neto
**Apesar de ser uma comédia familiar e simpática, o nível de qualidade baixou muito, quando é comparado aos primeiros filmes da mesma franquia.**
A franquia “Academia de Polícia” mostra cada vez mais sinais de desgaste e de cansaço. Após um filme bastante mais fraco do que qualquer um dos precedentes, eu esperava que tivessem sido feitas tentativas para melhorar um pouco as coisas. Todavia, este filme é, pelo menos, tão fraco quanto o seu predecessor imediato. Não significa, porém, que seja um mau filme, muito pelo contrário. Há filmes bastante piores e muito mais bem cotados a circular por aí, sendo que a comédia deste filme é bastante simpática e familiar, ao contrário do que acontece em muitos outros filmes cómicos, onde o humor é pura e simples brejeirice. Este é um filme agradável e por vezes ainda tem alguma piada… só não é tão bom quanto os predecessores na franquia.
O roteiro baseia-se numa série de tentativas para impedir um grupo de bandidos de realizar um conjunto de crimes e assaltos numa determinada zona da cidade. Obviamente, Lassard e Harris estarão juntos para o fazer, sendo que Harris só está preocupado com a sua própria progressão de carreira e continua a ser o alvo preferencial das tropelias dos polícias que nós já conhecemos. O roteiro não é brilhante, mas consegue dar suporte ao filme da maneira como este foi pensado e executado. Acontece que o nível de qualidade está agora muito baixo, e isso também se pode observar na pobreza dos diálogos, na quantidade de clichés e de situações que, em vez de fazer rir, nos deixam a pensar até que ponto o roteirista era uma pessoa competente.
O elenco faz o que pode com aquilo que lhe foi dado, mas não tem espaço nem material para se destacar de qualquer maneira. Bubba Smith assume um protagonismo pouco discutível, mas não tem uma personagem ou sequer material que o faça destacar-se mais. Michael Winslow faz o que pode, mas também não se destaca muito. Easterbrook e Ramsey são uma sombra do que foram noutros filmes. Matt McCoy não tem piada e não devia estar aqui. Os vilões conseguem ser mais idiotas e infantis do que os Looney Tunes e George Gaynes, por muito respeitável que seja, transformou a sua personagem num idoso sem memória nem noção do ridículo. Quem se vai, ainda, destacando de alguma forma é G.W. Bailey, mas isso acontece, principalmente, pelas situações caricatas onde acaba envolvido.
Tecnicamente, não há muito a dizer acerca deste filme. Ele procura manter as características e aspecto visual dos antecessores, com uma cinematografia padrão, uma edição convencional e poucos efeitos notáveis, além dos tiros e de algumas situações interessantes, como aquela em que Tackleberry escreve com a sua metralhadora. Tudo o resto é simplesmente mais do mesmo e não merece uma menção específica.
Em 18 Oct 2022