Autor: Filipe Manuel Neto
**Mais do mesmo, mas com qualidade e piada.**
Este é o terceiro filme da memorável franquia “Academia de Polícia”, que fez um assinalável sucesso durante os anos 80 e 90. Claro, é material antigo, mas é curioso como, ainda hoje, muita gente se recorda destes filmes, que ainda são bastante fáceis de encontrar na TV em Portugal. Neste terceiro lançamento, a qualidade e a frescura do material cómico ainda são notáveis, e o filme consegue manter o nível dos dois antecessores com relativa facilidade.
O enredo continua a ser o calcanhar de Aquiles destes filmes, mas dá-nos o que é indispensável para sustentar uma hora e meia de palhaçadas diversas, com alguma acção misturada: com as despesas a avolumar-se, a cidade resolveu extinguir uma das duas academias de formação para polícias existentes, sendo uma delas a nossa já conhecida academia, liderada pelo Comandante Lassard, e a outra uma academia rival, entretanto formada pelo Comandante Mauser. Vendo as coisas complicarem-se, Lassard pede ajuda a Mahoney, Jones, Hightower e outros agentes da lei já bem conhecidos de todos nós, consciente de que são as pessoas certas para a missão.
Dando continuidade aos esforços dos filmes anteriores, os membros da equipa técnica e elenco são virtualmente os mesmos do filme anterior. Jerry Paris, que havia dirigido o filme anterior, permanece ao comando da produção e consegue dar uma grande sensação de coesão a todo o trabalho desenvolvido. O grosso do elenco está novamente presente, dando-nos mais do que já vimos, sem surpresas, mas conseguindo corresponder muito bem às nossas expectativas. Temos Steve Guttenberg no papel de Mahoney, mas dando à personagem maior maturidade e senso de responsabilidade. Michael Winslow recebe maior atenção neste filme, e um material melhor para trabalhar e exibir os seus dons vocais. Bob Goldthwait também recebe maior atenção e um material mais refinado, e juntamente com o hilariante Tim Kazurinsky, vai ser um dos cadetes de curso mais engraçados da academia (de facto, os dois actores completam-se de uma maneira incrível). Também Art Metrano se desembaraça muito bem e dá à sua personagem um toque de elegante cinismo, sendo o alvo ideal das tropelias dos demais. Leslie Easterbrook também tem mais espaço para mostrar valor, conseguindo neste filme um dos trabalhos mais interessantes da sua carreira. David Graf, Bubba Smith e Marion Ramsey mantêm o mesmo registo a que já nos habituaram, sem grandes surpresas.
O filme mantém os valores de produção dos antecessores. Além de bons locais de filmagem e de bons figurinos, os efeitos especiais são de qualidade e as cenas de acção receberam, aqui, um tratamento mais atento e resultam muito bem, especialmente na parte final. A edição foi bem executada e o ritmo rápido do filme não nos cansa, ainda que, por vezes, sintamos que não é mais que uma colecção de piadas situacionais e verbais, umas atrás das outras, e não uma longa-metragem cómica.
Em 27 Sep 2022