Autor: Filipe Manuel Neto
**Só devia ter havido um!**
Se “Higlander 2” foi uma vergonha completa e “Highlander 3” tentou, de alguma forma, dar-nos uma compensação, este filme torna a parecer-se pior e mais desgastado. Entretanto, tinha sido feita uma série de TV que pouco ou nada tinha a ver com o filme original. O que este filme veio tentar fazer é juntar o melhor dos dois mundos, mas fracassou por completo.
Os problemas começam na base, isto é, no roteiro escrito miseravelmente e sem ideias que se possam verdadeiramente considerar boas ou inteligentes. Em nenhum momento eu senti que a história deste filme se mostrasse interessante ou cativante o suficiente para justificar o esforço de o ver. Pelo desenvolvimento que faz, devemos presumir que a acção decorre depois do que vimos no filme original, o que não faz muito sentido se nos lembrarmos que esse filme acaba na vitória de Connor, o último e único Imortal. O filme tem imensos buracos na trama e momentos em que a lógica e a coerência tiram férias e desaparecem. Os diálogos são pobres, mal acabados e irritantes. Os flashbacks históricos nem sempre funcionam.
O elenco conta, pela última vez, com a participação honrosa de Christopher Lambert, agora um actor maduro. Tão maduro que soa perigosamente velho para o papel que interpreta. Apesar disso, o actor faz o que pode com o pouco que tem. Adrian Paul também não nos deixa ficar mal e faz uma boa performance, considerado a qualidade imunda e lamentável do material escrito para este filme. Bruce Payne soa de modo histriónico e pouco convincente, mas faz o que tem de ser feito. O resto dos actores não tem, realmente, nada de verdadeiramente bom que valha a menção detalhada.
Vítima de um baixíssimo orçamento, o filme aparenta aquilo que é: uma produção muito barata e mal cozinhada, que sabe mal e parece ainda pior do que sabe. Uma desculpa para um filme de acção com espadas e duelos frenéticos em meio a uma série de locais industriais abandonados ou desertos. A cinematografia, os cenários e os figurinos estão dentro daquilo que esperaríamos encontrar, mas os efeitos visuais e o CGI são pobres, amadores e realmente indesculpáveis num filme de longa-metragem do ano 2000. É um filme vergonhoso.
Em 25 Oct 2022