Autor: Pedro Quintão
O primeiro Sisu foi uma surpresa enorme para mim. Gosto de filmes de ação, mas não costumo ligar muito a este subgénero mais bruto e estilizado que vive do exagero puro e de momento de pura "pancadaria". Mesmo assim, o original ganhou-me pelo equilíbrio entre violência caricata, ritmo e uma certa personalidade meia "Western solitário" que o distinguia. E o mais curioso é que, até há pouco tempo, eu nem sequer sabia que havia uma sequela em produção. Fui ver sem saber nada, apenas esperando repetir a mesma maluqueira do original.
A verdade é que Sisu: Road to Revenge leva essa loucura ainda mais longe. Mas tão longe que, por momentos, entra num território quase cartoonesco e absurdamente irrealista. Há pelo menos três cenas que roçam o absurdo: como a que envolve um avião de guerra, outra com um tanque e uma sobre o passeio num míssil que me fizeram pensar "às vezes, menos é mais". Mesmo assim, não é que isso estrague a experiência, mas retira-lhe aquela sensação de brutalidade “plausível” que o original ainda conseguia manter.
Para quem gosta de ação sem filtros, o filme entrega tudo o que promete e mais um bocado. É pancadaria, tiros, perseguições e explosões do primeiro ao último minuto, sem dar espaço para respirar. A narrativa, como seria de esperar, é simples: seguimos novamente o protagonista interpretado por Jorma Tommila, agora perseguido por soviéticos, sendo que um deles carrega uma ligação cruel ao passado do herói. E, honestamente, não precisava de ser mais do que isto. Ao contrário de franchises como John Wick, onde tentaram esticar demasiado a mitologia e complicar o que não precisava de ser complicado, aqui mantêm tudo direto ao ponto. E isso joga a favor do filme... Talvez seja o motivo principal pelo qual me tornei fã desta saga.
No fundo, Road to Revenge é divertido, visceral e sabe perfeitamente o que está a fazer, mesmo quando ultrapassa o limite do razoável. É ligeiramente inferior ao original porque perde algum do efeito surpresa e da contenção que tornavam o primeiro tão especial, mas como experiência de cinema é um belo festival de caos. Saí satisfeito e com a sensação de que cumpriu exatamente o que prometia: puro entretenimento.
Em 23 Nov 2025