X-Men: Dias de um Futuro Esquecido

Autor: Filipe Manuel Neto

**Um marco.** Não estou muito acostumado a filmes que tenham por tema personagens do universo da banda desenhada, mas a qualidade e o impacto que alguns têm tido torna-os visita obrigatória. Assim, e mesmo sem conhecer muito acerca das personagens ou das suas histórias ficcionais, decidi ver os filmes da franquia X-Men. Essa decisão foi seguida de alguma leitura acerca das personagens e dos filmes. Procurei seguir mais ou menos a sequência cronológica dos acontecimentos começando pelas prequelas. Este filme começa num futuro relativamente próximo onde a Humanidade entrou em guerra contra os mutantes, encarados como uma ameaça real ao futuro do mundo. E estão a ganhar! Cada vez há menos mutantes graças aos robôs de caça do Programa Sentinela, criado décadas antes com a missão de desenvolver defesas numa eventual guerra em larga escala. Isolados no que parece ser um ponto inacessível do Tibete, os X-Men sobreviventes aliaram-se a Magneto e ao que restou da Irmandade Mutante numa espécie de último reduto de combate. Aqui, ao usarem em conjunto os seus dons e habilidades, decidem enviar Wolverine (o mais resistente e o único capaz de se auto-regenerar) numa arriscada missão ao passado, a fim de interromper a cadeia de eventos que daria origem ao Programa Sentinela e travar a guerra antes mesmo de esta começar. O filme é excelente em todos os sentidos, porém é necessário estar atento para compreender bem, dado que decorre ao mesmo tempo no presente (que corresponde a um futuro próximo do nosso) e no passado. Brilhantemente dirigido por Bryan Singer, o filme tem um ritmo muito agradável e não há momentos mortos nem cenas que se sintam fora de lugar. Tudo funciona como um relógio. Claro que a acção é parte essencial do filme. O roteiro é original e criativo, mas suficientemente acessível para ser percebido sem termos de pensar demais. Por um lado, dá seguimento lógico aos acontecimentos dos filmes anteriores, e por outro cria um paradoxo temporal onde toda a história é corrigida, pelo que os filmes que virão depois vão debruçar-se sobre esta nova linha de acontecimentos. Creio que um dos momentos mais simbólicos deste filme é a curta conversa que o jovem Xavier tem com o seu alter-ego mais velho do futuro, um momento verdadeiramente antológico. O elenco é massivamente herdado dos filmes anteriores e é composto por grandes actores. A maioria, portanto, já está familiarizada com as personagens, e há imensas personagens e um número elevado de grandes actores. A qualidade do material dado aos actores reflectiu-se na qualidade do trabalho deles, que é realmente boa. Hugh Jackman tem todo o protagonismo neste filme e sabe usá-lo inteiramente. A personagem Xavier aparece nas suas duas versões cinematográficas (o Xavier maduro de Patrick Stewart e o jovem Xavier que é encarnado por James McAvoy) e o mesmo acontece com Magneto/Erik (a versão jovem da personagem é interpretada brilhantemente por Michael Fassbender ao passo que a versão madura pertence ao sempre impecável Sir Ian McKellen). Jennifer Lawrence brilhou no papel da cruel e fria Raven/Mystique e Halle Berry finalmente conseguiu encontrar-se como Storm após uma série de interpretações medianas. O filme conta ainda com as participações de Nicholas Hoult, Ellen Page, Anna Paquin, Peter Dinklage, Shawn Ashmore, Omar Sy, Evan Peters, Josh Helman, Famke Janssen e James Marsden. Além destes méritos, o filme tem excelentes valores de produção que importa salientar. É um filme da Marvel e há imensos milhões de dólares envolvidos, o que é bastante evidente desde o início. Visualmente é um espectáculo por si só, com grandiosos efeitos visuais e o melhor CGI que o dinheiro podia comprar. As cenas e sequências de acção são grandiosas e os efeitos são um bónus, muito embora a sequência de luta final contra os robôs pareça, por vezes, excessiva. Tal como sucedeu quase sempre nesta franquia, o filme tem excelentes cenários e figurinos e há uma sensação agradável de época nas cenas passadas nos anos Sessenta graças a todos os detalhes que vamos observando. A cinematografia é boa e usa bem a cor e a sombra. O trabalho de edição foi impecável. Creio que é justo saudar também o departamento de maquilhagem e a grandiosa banda sonora de John Ottman.

Autor: tmdb34195587

"X-Men: Dias de um Futuro Esquecido" é um filme envolvente e cativante, com uma história fluida e uma direção sólida de Bryan Singer. Os personagens são bem desenvolvidos, o elenco entrega boas performances e os efeitos visuais são ótimos. O filme ainda aborda temas relevantes, como discriminação e busca pela igualdade, e apesar de algumas pequenas falhas no desenvolvimento de personagens e subtramas, a experiência geral é muito empolgante. É realmente um ótimo filme, muito subestimado.