Autor: Filipe Manuel Neto
**Apesar do péssimo roteiro e altas doses de irrealismo, o filme é geralmente fácil de digerir.**
Com base no romance homónimo de Dan Brown, este filme leva o simbologista Robert Langdon numa aventura em Roma, onde tentará salvar a Igreja Católica e a "Cidade Eterna" da ameaça de uma bomba de antimatéria. Dirigido por Ron Howard, o filme tem roteiro de Akiva Goldsman e David Koepp, para além de um elenco liderado por Tom Hanks, Ewan McGregor e Ayelet Zurer.
Vamos começar com uma declaração importante: ainda não li o livro original, por isso não sei até que ponto o filme é fiel à história. Tudo o que escreverei é apenas sobre o filme. E eu começo pelo esqueleto: o roteiro é bastante invulgar e toda a história parece focar-se num enredo macabro para um determinado homem pode ser eleito papa. Uma conspiração que parece difícil de engolir ou de entender bem. Essa conspiração é um plano intrincado que, a partir de certo momento, depende inteiramente da sorte ou, na melhor das hipóteses, das probabilidades. E isso é totalmente idiota. O roteiro tem várias falhas e até a correlação entre certas obras de arte apresentadas é tão forçada que perde credibilidade.
Os actores são bons mas podiam ter tido uma performance mais interessante. Embora Tom Hanks tenha melhorado o seu desempenho como Langdon (ele claramente teve algumas dificuldades menores com o papel em "Código Da Vinci") e feito um excelente trabalho, a sua parceira Ayelet Zurer recebeu uma personagem mais ingrata e subdesenvolvida. De fato, Vittoria Vetra parece sempre estar a mais em cena e raramente contribui fortemente na investigação, limitando-se a seguir Langdon e fazer o que lhe mandam. Ewan McGregor estava confortável no papel de Camerlengo, mas a sua personagem acaba sendo vítima dos principais erros de roteiro que mencionamos. Stellan Skarsgård brilhou no papel do comandante da Guarda Suíça mas Pierfrancesco Favino podia ter feito um trabalho melhor se a sua personagem, o inspector Olivetti, não gastasse metade do filme sem saber como liderar as investigações. Os efeitos especiais, visuais e sonoros são excelentes, especialmente na final. A banda sonora, de Hans Zimmer, faz jus à sua reputação mas não traz novidades.
Apesar destes erros, o filme não é mau de todo. O que nós temos de fazer é aceitá-lo como ele é deixar-mo-nos ir levando, cena após cena. A tarefa vai certamente ser aliviada pelas sequências de acção, por um agradável suspense, pela beleza dos cenários de Roma e suas obras de arte, combinadas numa história que não tem momentos mortos.
Em 24 Feb 2018