Autor: Filipe Manuel Neto
**Um filme interessante, mas com uma história de amor demasiado fria.**
Eu sou mais uma pessoa que viu o filme e não leu o livro ou nunca ouvi falar dele. Na verdade, nem sei se foi traduzido para a língua portuguesa. Mas gostei do filme. Ele tem uma ideia implícita de que o amor é um sentimento mágico que supera barreiras. Podemos encontrá-lo na literatura e em quase toda a poesia, onde os amantes impossíveis abundam, com consequências mais ou menos trágicas. Então, a ideia deste filme não é nova mas quase sempre funciona bem. Portanto, acho que o roteiro é bom, embora esteja longe de ser brilhante. A principal falha é que aqueles que não sabem nada sobre o filme e começam a vê-lo pensarão, nos primeiros minutos, que estão a ver um drama épico. Essas audiências irão sentir-se muito confusas com a repentina revelação de elementos fantásticos, o que provavelmente não estariam à espera porque o filme não era imediatamente claro acerca disso. Eu senti isso na primeira vez que o vi, mas eu realmente consegui apreciá-lo numa segunda visualização.
Os principais papéis são incorporados por Colin Farrell (como o bonzinho Peter Lake), Jessica Brown Findlay (no papel da jovem, rica e doente Beverly Penn) e Russell Crowe (como o malvado Perly Soames). Will Smith também faz um papel pequeno, mas importante, como o juiz, numa clara referência ao Diabo. Sobre o desempenho do elenco acho que posso dizer que foi regular. O maior aplauso é para Crowe, que fez um trabalho convincente como vilão. A pior performance foi a de Jessica Findlay, que nunca me pareceu apaixonada. A sua personagem é quase tão fria como o gelo do cenário de Inverno onde tudo se passa. Ela parecia uma miúda rica que quer escapar da gaiola dourada e desfrutar uma aventura. Farrell, por sua vez, apesar de parecer apaixonado, falhou na interpretação. Parecia muito gentil para um ladrão em busca de redenção através do amor, e a sua actuação era teatral e pouco autêntica.
Enfim, o filme é bastante razoável. Longe de brilhar, entretém o público e traz uma bela história de amor num filme de fantasia que, em contraste com o próprio género, dispensa a maioria dos efeitos especiais para privilegiar a história. Nem tudo é bom neste filme, mas não faz necessariamente dele um filme mau.
Em 18 Mar 2018