Autor: Filipe Manuel Neto
**Excelente fotografia, banda sonora, efeitos visuais e actuações, mas o roteiro podia ser melhorado.**
Este filme é bastante intelectual e filosófico e, por isso, não pode ser visto com os mesmos olhos com os quais vemos o cinema comercial. No meu ponto de vista, os críticos especializados devem ser os primeiros a ter isso em conta quando escrevem mas, a julgar pelo que foi dito sobre o filme, parece que eles são pagos para falar mal e não para julgar com justiça. O filme não é o lixo que eles disseram, apesar de eu não gostar de algumas opções de roteiro. O seu carácter metafórico e filosófico desagrada à esmagadora maioria do público, que normalmente procura filmes de fácil digestão, para puro entretenimento.
A acção acontece em três momentos distintos, usando narrativa não-linear para entrelaçá-la através de metáforas e elementos de ligação. O ritmo é lento, permitindo que a poderosa banda sonora de Clint Mansell se harmonize elegantemente com uma cinematografia perfeita e efeitos visuais surpreendentes. Isso pode parecer extraordinário, dado o orçamento relativamente modesto com o qual tudo foi feito. O trabalho de Hugh Jackman e Rachel Weisz é absolutamente impecável, particularmente o dele.
Agora vamos ao roteiro. Este é o ponto em que, para mim, o filme é menos bom. Abordando questões muito complexas a partir de uma perspectiva filosófica e existencial (transcendentalidade, mortalidade, o que está além da morte, o nosso relacionamento com o sagrado etc.), o filme levanta uma série de questões a que nunca responde para que cada espectador pense nelas. Mas a verdade é que o filme aponta o caminho para uma resposta, como se quisesse fazer isso mas não tivesse coragem. Isso deu-me uma sensação de insatisfação, ausência de conclusão da história.
Depois, há pequenos detalhes em que o roteiro claramente comete erros básicos, como colocar os maias vivos e com saúde durante a chegada dos Conquistadores, quando sabemos que a civilização maia desapareceu antes do ano Mil da era cristã, quinhentos anos antes Colombo. Eu sei que é um detalhe menor mas, como historiador, não gosto de ver coisas destas.
Em 23 Aug 2018