Autor: Filipe Manuel Neto
**Apesar de ser um filme mediano, Will Smith faz um trabalho muito bom e que vale a pena ver.**
A vida não é fácil para quem é pobre e tem de lutar, todos os dias, para sustentar a família, pagar contas, eventualmente melhorar de vida. Este filme dá-nos um espelho bastante bom de todas as dificuldades que um homem assim pode viver: da falência sempre iminente, passando pelos empregos precários e mal remunerados e acabando na desagregação da família, ele vive tudo o que nós poderíamos considerar um pesadelo.
O roteiro é um dos pontos fortes deste filme, graças a uma história dolorosamente realista e que vai, provavelmente, fazer com que muitas pessoas se revejam nas personagens. Há aqui um bónus, que é o facto de o filme se basear numa história verdadeira. Há alguns pontos que, se pensarmos bem a respeito, podem levantar alguma polémica pertinente, como é o caso da disputa pelo filho entre pai e mãe ser “vencida” pelo pai, enquanto a mãe parece só se importar com ela mesma. Ainda hoje, há muita pressão (inclusive da parte das autoridades) para que seja a mãe a ter a preferência em disputas deste tipo, o que nem sempre funciona e é altamente discriminador para o progenitor. Também a precariedade laboral é abordada aqui, com a personagem a passar enormes dificuldades para conseguir algum dinheiro com o seu trabalho infeliz e miserável.
Will Smith é a alma e corpo deste filme, em todos os aspectos. Ele é mais que o protagonista, ele carrega o filme às costas num dos melhores desempenhos dramáticos da sua carreira. E eu sinto-me bastante livre para o dizer, posto que ele nunca foi um actor que eu gostasse muito de ver actuar. Podemos discutir se o actor realmente merecia a indicação ao Óscar de Melhor Actor aqui… mas julgo que é a única coisa passível de debate, o resto parece-me consensual. Ao lado dele está o seu filho na vida real, Jaden Smith, que não faz mais do que realmente precisa, mas é bastante novo para nos impressionar realmente. O resto do elenco é mediano e não faz muito pelo filme, se observarmos bem.
Tecnicamente, o filme é bastante mediano. A banda sonora não faz muito pelo filme, os cenários e os figurinos são basicamente aquilo que podíamos esperar e os locais de filmagem esquecem muitos dos locais mais icónicos e identificáveis de São Francisco, pelo que nunca me lembrei de que o filme se ambientava nesta cidade. A cinematografia também é mediana.
Em 25 Mar 2022