Autor: Filipe Manuel Neto
**Um filme estranho, com forte impacto visual e um roteiro com teorias mirabolantes, mas que cumpre muito bem o seu objectivo e é agradável de ver.**
Vi este filme muito recentemente e tenho de concordar com todos aqueles que lhe colam o rótulo de “estranho” ou “bizarro”. Dirigido e escrito por Richard Kelly, tem por protagonista um jovem Jake Gyllenhaal e oferece-nos uma trama muito complexa onde um jovem adolescente comete vários crimes sob a influência de um amigo imaginário que se veste de coelho. Tudo indica que este jovem é esquizofrénico ou psicótico de alguma maneira, e desenvolveu diversas obsessões encadeadas, mas o filme deixa-nos sempre na dúvida sobre a hipótese de ele estar, de algum modo, certo sobre as coisas que pensa.
Há vários filmes que enveredam por roteiros semelhantes, onde a imaginação e a psicopatia quase não se distinguem da realidade (“Clube de Combate”, “O Maquinista”, etc.) e este é talvez um dos mais surrealistas porque nos permite ver, desde o início, que alguma coisa está muito errada. Isso é um bónus para quem gosta deste tipo de filmes porque é fácil manter a nossa atenção. Claro, os menos apreciadores de bizarrias cinematográficas não vão ter grandes motivos para ficar satisfeitos.
E se é verdade que, a nível técnico, o filme não apresenta grandes inovações ou é surpreendente, também é verdade que faz tudo de modo muito correcto e sem problemas ou erros demasiado grosseiros. Podemos até dizer que, considerando o orçamento, é um daqueles filmes que parece mais caro do que é. Em adição, temos ainda de referir a bela actuação do elenco, onde cada um parece fazer o que precisa de ser feito com correcção e contenção. Gyllenhaal tem a força e o carisma adequados para a personagem que lhe é destinada e faz um excelente trabalho, e Jena Malone provou ser uma adição inteligente e muito bem ponderada.
Em 22 Jan 2024