Asas do Desejo

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Lançamento: 23 Sep 1987 | Categoria: Filmes

Asas do Desejo

Nome original: Der Himmel über Berlin

Idiomas: de

Classificação:

Genero: Drama, Fantasia, Romance

Site:

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Produção: Argos Films, Wim Wenders Stiftung, WDR, Road Movies, Argos Film Productions

Sinopse

Um anjo que observa a cidade dividida de Berlim deseja se tornar um humano mortal quando se apaixona por uma bela trapezista francesa.

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Reviews

Autor: Filipe Manuel Neto

**Ensaio sobre a Sonolência.** Quando me decidi a ver este filme fi-lo por três razões: a primeira é a participação de Bruno Ganz, um actor alemão que aprecio e que comecei a gostar após o ver fazer excelentes trabalhos em outros filmes como “A Queda”; a segunda é a enorme consideração em que este filme tem sido tido por um número muito elevado de conceituados críticos e especialistas; a terceira é o facto de ser o primeiro filme da Alemanha Ocidental que vi na minha vida (que eu saiba e que tenha noção). O roteiro, todavia, não podia ser mais sensaborão do que acaba por ser: o filme começa com as voltas e perambulações de dois anjos entre as ruas e lugares de Berlim Ocidental, observando a vida quotidiana das pessoas. Damiel e Cassiel, cada um a seu modo, interessam-se pelos seres humanos. Não podem ser vistos, a não ser por crianças, e por um único individuo que consegue falar com eles, e um deles acaba por decidir converter-se num ser humano e viver uma vida de mortal, na Terra, após se apaixonar por uma mulher trapezista de circo. De facto, não falta material televisivo ou literário sobre anjos que se apaixonam por humanas ou que, por outras razões, desistem da vida angelical e se tornam em humanos. Parece haver, entre nós, um desejo de humanizar estas criaturas. A reboque de tudo isto, o filme faz uma série de considerações filosóficas e metafísicas que só interessarão verdadeiramente a filósofos, ou a teólogos, ou a escritores em geral. Wim Wenders é um director que aprecia este tipo de cinema ultra-intelectual, feito para ciclos artísticos e festivais, nunca para o público geral, que acha nele um bom substituto para os comprimidos para dormir. Pessoalmente, não gosto deste tipo de cinema, ainda que reconheça o mérito artístico que possui. Bruno Ganz, na sua viagem, desperta para a beleza da humanidade de um modo elegante, que raia a poesia. Ele vê beleza nas coisas mais triviais, coisa que geralmente não conseguimos, não sem uma extrema sensibilidade artística que o comum indivíduo raramente cultiva. O actor não podia ser mais competente no trabalho que faz, e é habilmente coadjuvado por Otto Sander, a quem coube outro papel angelical. Solveig Dommartin e Peter Falk também são adições muito boas, com tempo para mostrar valor. O problema deste filme é realmente a forma excessivamente lenta e fria como se desenrola e se vai expondo gradualmente. O ritmo do filme é tão lento que se torna maçador, e confesso que nem prestei muita atenção aos monólogos permanentes. As coisas melhoram muito quando Falk entra em cena, dando movimento a uma trama exangue e soporífera. Os créditos finais, em estilo expressionista alemão, fazem uma alusão directa ao passado cinematográfico da cidade, e do país, algo que Wenders poderá ter feito em jeito de homenagem, ou afirmando-se como um continuador do legado do passado (o que não é tão modesto como a primeira ideia). Quase todo o filme é feito a preto-e-branco, com uma cinematografia muito bem conseguida e digna de mérito. As cores vão sendo introduzidas mais tarde, associando-se mais à humanidade, isto é, ao modo como nós vemos o mundo em que vivemos. Original, bem pensado. O filme não tem uma grande banda sonora, apostando mais em monólogos e diálogos muito fastidiosos. Além disso, o filme é praticamente uma digressão pela cidade de Berlim Ocidental, uma metrópole que mudou radicalmente nos últimos anos, como sabemos. O muro está lá, ainda que tenha sido construído propositadamente para o filme e não seja a coisa real.

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