Autor: Filipe Manuel Neto
**Engraçado, e isso é o que importa.**
Há filmes que devem ser óptimos. Outros, no entanto, são apenas divertidos. Este filme pertence ao segundo grupo, tendo sido pensado como uma comédia familiar. O enredo é claramente baseado no conto da Cinderela, mas aqui ela é amaldiçoada a obedecer por causa de um presente de mau gosto dado por uma fada madrinha pouco convencional.
A história então desenvolve-se à volta do seu esforço de se libertar desse presente e do modo como as pessoas se aproveitam para manipulá-la. Gradualmente, tudo se torna mais previsível e o meu interesse diminuiu, mas nunca desapareceu porque o filme permaneceu sempre engraçado o suficiente. A maneira como Ella e o Príncipe se conhecem é, na minha óptica, a solução mais pobre que o roteiro podia ter criado para o fazer. A ideia do livro falante parece meio idiota também. Os diálogos e algumas piadas são por vezes comuns e chatos.
Ao longo do filme, que é ambientado na época medieval, podemos ver coisas do nosso tempo (minissaias, fã-clubes, escadas rolantes, etc.), o que é claramente intencional. Não há problema. A ideia compreende-se bem. O filme também tentou introduzir momentos musicais ao estilo Disney, mas tenho algumas dúvidas sobre se isso foi ou não boa ideia, pois nem sempre resultaram bem.
Anne Hathaway, ainda muito jovem aqui, destaca-se na sua personagem, adorável e cheia de personalidade. Hugh Dancy foi um Príncipe satisfatório, o mesmo podendo ser dito de Aidan McArdle e Joanna Lumley, que interpretaram personagens secundárias. Cary Elwes foi um vilão fraco, previsível e risível, mas acho que isso vem de uma má idealização da personagem e não do actor.
No geral, o filme vale a pena se você quiser apenas rir um pouco e passar uma hora e meia com a família. Mas se você procura uma obra de arte cinematográfica, este filme não é para si.
Em 06 Oct 2018