Akira

Autor: Filipe Manuel Neto

**Tecnicamente muito bom, mas tão confuso que não funciona.** Tenho 33 anos e a minha infância assistiu à popularização do anime japonês na Europa e no Ocidente graças a sucessos como “Dragon Ball” ou outros. Todavia, tenho de dizer que, mesmo quando criança, eu detestava este tipo de animação altamente estilizada, tão diferente daquilo que eu estava acostumado a ver. Mesmo assim, é necessário conceder a este filme algum valor. A animação que nos traz é de excelente qualidade e muito bem desenhada, e o perfeccionismo típico dos orientais está bem patente na atenção que é dada aos mínimos detalhes, cena por cena. Como tem sido apanágio do anime moderno, tem muita acção e move-se num ambiente futurista de cunho onírico, muito ao agrado dos japoneses. Aliás, é bastante notável que sejam um povo tão atento ao futuro e tão respeitador das suas próprias tradições e do seu passado… um bom exemplo de como ambas as coisas não são incompatíveis, muito pelo contrário, um sinal de que podemos construir o futuro sem cortar com o passado. O problema deste filme é que não consegui, até agora, entender a história. É confuso, e a sensação com que fiquei é que os criadores se focaram tanto na acção e na execução técnica dos desenhos que se esqueceram totalmente de fazer tudo isso em cima de uma história lógica, capaz de ser seguida sem dificuldade. Será que há alguma coisa que eu, com uma mentalidade ocidental, não tenha sido capaz de compreender? Eu não sei. Só sei que este filme, independentemente do valor técnico, não funcionou comigo.