Caçadores de Obras-Primas

Autor: Filipe Manuel Neto

**Uma boa mensagem, um bom elenco que faz pouca coisa, uma boa história sem nada de especial. Um filme morno.** Eu confesso que este filme me diz bastante. Sou um historiador, compreendo a importância da arte, do património histórico e artístico, e sei bem a perda irreparável que todas as guerras provocam no acervo cultural das nações. Portugal, o meu país, sempre se manteve um pouco afastado dos conflitos bélicos europeus, uma situação condicionada pela geografia, mas que tem permitido ao meu país passar pelos pingos da chuva e ser poupado em muitas alturas de dificuldade. Mesmo assim, nós sabemos o que é uma guerra de grande escala: fomos invadidos por Napoleão Bonaparte, com grande devastação e perda de vidas e bens, e muitas peças de arte (principalmente de arte sacra, mobiliário e ourivesaria) foram roubadas e levadas para França nessa altura. Então, ver este filme e ver os esforços de um punhado de homens, amantes da arte e da história, para salvar pedaços da cultura europeia, é algo que para mim tem significado porque é algo que, numa guerra tão dramática, eu também seria capaz de me oferecer para fazer. Sim, sem dúvida... vale a pena arriscar para salvar peças de arte e de cultura que são verdadeiramente insubstituíveis e permitir que voltem aos seus legítimos donos. George Clooney é um homem multifacetado. Director, roteirista, um dos actores principais... ele certamente abraçou este projecto com empenho, e o elenco está cheio de estrelas como Matt Damon, Cate Blanchett, Hugh Bonneville e Bill Murray, grandes actores que já deram, no passado, provas de talento acima de qualquer dúvida. O problema é que é tão grande a quantidade de bons actores que eu senti que eles nunca atingiram o potencial que mereciam, limitando-se a um desempenho morno e por vezes preguiçoso. Tanto dinheiro e bom capital humano envolvido e Clooney não sabe aproveitar tudo isto e fazer um filme incrível com estes astros? O roteiro é bom e a história contada é muito interessante. De facto, o filme entretém e prende o público mas é um pouco aborrecido sentir que, nalgumas partes, tenta ser dramático e, minutos depois, estáa tentar deseperadamente fazer-nos rir. A duração do filme também é um pouco exagerada, tendo em conta a história contada. A nível técnico, o filme tem bons valores de produção: uma fotografia agradável aos olhos, bons efeitos sonoros, visuais e de CGI, bons figurinos e cenários, mas falta qualquer coisa que nos surpreenda verdadeiramente. É um filme muito mediano em tudo. E o mais cansativo é a banda sonora... composta por Alexandre Desplat, ela soa constantemente a aventura com toques de comédia e anuncia um filme ligeiro e divertido, com alguma sensação de grandiosidade. Realmente, o filme tem partes engraçadas mas falta-lhe essa sensação de aventura e não tem nada de grandioso ou épico, o que faz com que a banda sonora seja um pouco de presunção demais. Gostei deste filme pela mensagem que passa acerca da importância do património, da cultura e da sua preservação. Gostei da história contada e senti que o filme vale a pena mas não tem nada de fantástico ou de especial. É só mais um filme ambientado na Segunda Guerra Mundial, bom para passar algum tempo ocioso e nada mais.

Autor: Rosana Botafogo

**English** MFAA was an Allied program in 1943, 400 military and civilian personnel, to protect works of art in World War II, and at its end to find and return items stolen/hidden by the Nazis, the Europeans were also supposed to return the works stolen from the countries subjugated by them in previous years... Great cast, for a beautiful and somewhat boring homage/historical film, good to see John Goodman and Bill Murray again... In the end, Nick, Clooney's father plays him in 1977... **Portuguese** MFAA foi um programa dos Aliados em 1943, 400 militares e civis, para proteger, obras de arte na 2.ª guerra, e ao seu final encontrar e devolver itens roubados/escondidos pelos nazistas, os europeus também deveriam devolver as obras roubadas dos países subjugados em anos anteriores por eles... Grande elenco, para um filme homenagem/histórico lindo e meio chatinho, bom rever John Goodman e Bill Murray… No final, Nick, pai de Clooney o interpreta em 1977...