Autor: Filipe Manuel Neto
**Um filme feito para fazer pensar, pouco apropriado para entretenimento.**
Existem alguns filmes que são tão intelectuais que não devem ser misturados ao cinema comercial. Este filme, com divagações constantes sobre a solidão, o significado do amor e a sensação de estar perdido (na vida, numa cidade, num casamento...) é certamente um deles, sendo inadequado para quem não tem a necessária disposição intelectual e filosófica.
Tudo gira em torno de um actor e uma jovem. Ela é casada e seguiu o marido até ao Oriente numa viagem a trabalho, mas aborrece-se e sente-se só e entediada. Ele é famoso, bem sucedido e foi ao oriente para escapar ao casamento fracassado e fazer alguns compromissos de publicidade que, apesar de aborrecidos, lhe renderão bom dinheiro. Cada um está perdido nas suas próprias frustrações, mas estão no mesmo hotel de Tóquio. Não falam a língua, não entendem a cultura, cometem gafes e, depois de algumas conversas casuais, percebem que estão a sentir os mesmos anseios por "algo mais" em falta nas suas vidas.
A química entre os dois é evidente, faz o público pensar que se irão envolver num romance ilícito e carregado de aventura, como acontece noutros filmes... mas não. O que há entre as personagens é uma proximidade intelectual e de ideias. Uma amizade que não envolve sensualidade ou romance.
O maior problema do filme é que, fora isso, não tem mais a oferecer-nos. Outro problema é o ritmo lento, pautado por uma banda sonora lenta, ao gosto da directora, Sofia Coppola. Isso certamente afastará o público comercial, que quer entretenimento e não um filme para pensar.
Em 23 Aug 2018