Autor: Filipe Manuel Neto
**Um filme satisfatório, embora algo confuso.**
Este filme gira em torno de um espelho antigo e da morte dos pais de Tim e Kaylie Russell, que sobreviveram ao assassinato da família e atribuem a culpa às forças sobrenaturais ligadas ao objecto. O filme tem uma atmosfera escura e sombria que consegue prender o público e prepará-lo para a história e os sustos. A atmosfera é inteligentemente construída pelos efeitos sonoros, pelos cenários nus da casa onde a acção acontece e pela cinematografia, propositadamente construída com cores frias.
O roteiro não é baseado numa fórmula original. Há um objecto assombrado que mata pessoas e há pessoas interessadas em destruí-lo. Dentro desta fórmula, o filme conta duas histórias distintas, mas entrelaçadas: a morte dos pais das personagens principais e, anos depois, a sua tentativa de o destruir. O filme mistura tudo através de flashbacks, mas acho que isso acabou por uma escolha errada, minando a boa compreensão de ambos os relatos, embora tenha tornado o filme mais denso e intenso no final. O filme assusta mais com o que sugere e promete do que com o que realmente exibe, e funciona bem se achamos isso bom. Não é um filme gráfico, mas sim tremendamente psicológico. Trata de obsessões, traumas, necessidades e angústias. Karen Gillan, que deu vida a Kaylie, é excelente e domina o filme, empurrando Brenton Thwaites para uma posição relativamente mais discreta. O final acaba por ser confuso, mas intenso.
Se você não tem problemas com flashbacks a cada momento e gosta de terror psicológico, este filme vai valer a pena.
Em 12 May 2018