Autor: Filipe Manuel Neto
**Um drama familiar bastante convencional e mediano, onde as performances de DiCaprio e Depp acabam por ser a única nota verdadeiramente meritória.**
Por vezes, o que faz um filme ser marcante é o desempenho extraordinário de um actor, e isso torna-se ainda mais digno de admiração quando esse actor é extremamente jovem. É isso que temos neste filme, um drama familiar relativamente convencional, onde um jovem adulto tenta ir vivendo a sua vida o mais normalmente possível ao mesmo tempo que tem de cuidar de todos à sua volta, muito particularmente a sua mãe, obesa mórbida e depressiva, e o seu irmão mais novo, que tem um problema mental que o filme nunca especifica muito.
De facto, eu não achei o roteiro particularmente interessante. O cinema está cheio de dramas de família, e este não traz nada de realmente novo ou fresco para acrescentar. E se o roteiro não me parece realmente notável, os valores de produção e aspectos técnicos merecem ainda menos notas de destaque, com o filme a apostar em visuais bastante convencionais e medianos, e um ritmo que por vezes abranda e claudica, fruto de uma edição nem sempre bem executada.
O que torna o filme mais interessante é o elenco, onde se incluem dois jovens actores, então muito promissores, chamados Johnny Depp e Leonardo DiCaprio. Depp é mais velho do que DiCaprio e a carreira dele estava relativamente lançada quando aceita ser protagonista deste filme. DiCaprio, por seu lado, era ainda um jovem desconhecido e estava a começar a despontar. Todavia, a colaboração entre eles, neste filme, é notável e parece que ambos souberam tirar o melhor um do outro, para nosso benefício.
Apesar de hoje conhecermos Depp por um amplo leque de personagens incomuns, o que ele fez neste filme é totalmente o oposto, e a sua personagem é cem por cento convencional, responsável, madura e forte. DiCaprio, todavia, é quem mais se destaca, mais até do que Depp. Ao interpretar um adolescente com problemas mentais, DiCaprio teve bastante margem de manobra para estudar e conceber a personagem e os seus maneirismos e tiques. O resultado é verdadeiramente credível e surpreendente.
Mary Steenburgen e Darlene Cates dão um apoio muito eficaz e brindam-nos com os desempenhos femininos mais bem conseguidos. Em absoluto contraponto, Juliette Lewis não tem muita coisa para fazer, enquanto que Laura Harrington e Mary Kate Schellhardt praticamente desaparecem quando estão em cena.
Em 27 Nov 2022