Autor: Filipe Manuel Neto
**O Corvo descansa em paz.**
Foi sem qualquer expectativa positiva que decidi ver o último filme da franquia *Corvo*, uma das piores e menos interessantes que eu já vi, e em que assistimos, na essência, a uma sucessão de remakes em lugar de uma narrativa sequencial de uma mesma história. E enfim, este filme não nos oferece nada substancialmente diferente, com a mesma história a ser repetida, embora sob novas roupagens e num ambiente diferente.
Mesmo com todos os problemas, defeitos e ausência de originalidade, o filme parece-me, pelo menos, ter conseguido manter alguma lógica até que, muito perto do final, sendo o final a parte menos interessante e apelativa.
Edward Furlong é um daqueles actores que tiveram sucesso cedo demais e não conseguiram ou sequer tentaram melhorar depois. Mantendo-se no registo de menino rebelde que caracteriza o seu trabalho, ele não nos dá aqui nada muito diferente do que já vimos em *Exterminador Implacável 2*, numa versão muito mais fresca e criativa. Há alguns bons momentos vindos do trabalho de Tara Reid, Danny Trejo, David Boreanaz e Emmanuelle Chriqui, mas o resto do elenco não sobressai particularmente e é bastante desinteressante e forçado, no cômputo geral.
Tecnicamente, o filme é francamente neutro, na minha opinião. Despido do visual gótico e algo decadente dos filmes anteriores, ambienta-se numa área desértica e onde o visual adoptado me parece mais de acordo com o ambiente e a narrativa. Nota-se que o director Lance Mungia fez um enorme esforço para nos dar algo diferente do que os outros apresentaram antes dele, mas é difícil fazer algo realmente bom sem uma boa história e bom roteiro. A cinematografia cumpre o seu papel, os efeitos estão lá quando são precisos, mas tudo o resto parece exagerado. Por fim, uma palavra para a maquilhagem usada por Furlong, e que não é mais que uma versão muito geométrica, minimalista e deselegante do que vimos anteriormente nos outros filmes.
Em 25 Nov 2021