Autor: Filipe Manuel Neto
**Uma continuação honrosa e com muita qualidade.**
Estamos perante o segundo filme daquela que foi uma das trilogias mais notáveis da década de Oitenta. No primeiro filme, Marty McFly e "Doc" Emmett Brown viajaram até aos anos 50, até aos anos de namoro dos pais de Marty, usando uma máquina do tempo construída a partir de um DeLorean. Agora, a dupla vai precisar de ir até ao futuro, em 2015, para impedir que os filhos de Marty e Jenniffer se transformem em delinquentes e arrastem para o fundo do poço toda a família. Porém, no meio de tudo, terão ainda de impedir o pérfido Biff Tannen de fazer fortuna às custas de informações privilegiadas acerca de resultados desportivos futuros. Para corrigir o futuro e salvar o presente, assim, será preciso intervir no passado, e voltar a 1955.
O filme é claramente a continuação do seu antecessor e tem ligação directa com ele. A mistura de sci fi e comédia continua a ter êxito mas não impede a sensação de que este filme é, na sua essência, mais do mesmo que vimos antes. Se esquecermos aquela breve incursão ao futuro (que para mim é já um passado distante, visto que escrevo este texto uns anos após 2015), o filme não traz nada de verdadeiramente novo. De qualquer modo, tem a sua piada ver a forma como, na década de Oitenta, alguém imaginou o nosso tempo. Carros voadores? Se eles soubessem que estamos mais preocupados em tornar os carros mais ecológicos do que em fazê-los voar... Mas claro, aqui nada deve ser levado demasiado a sério. Por falar em ecologia, o filme sugere, numa dada cena, que o DeLorean substituiu o uso de plutónio por restos orgânicos e lixo, talvez com recurso a um tipo original de compostor. Curioso verificar isso.
Há pouco para dizer acerca da direcção de Robert Zemeckis, ou mesmo sobre o elenco, que já não tenha sido dito ou observado no filme anterior. Michael J. Fox e Christopher Lloyd continuam a dominar o filme, o que será uma constante ao longo de toda a trilogia. Neste filme, contudo, ganham força e peso as participações de Thomas F. Wilson, um excelente vilão, e Elisabeth Shue que, apesar da preponderância ganha, ainda acaba sendo relativamente posta de lado durante boa parte do filme, ficando literalmente a dormir.
Os efeitos especiais, visuais e de som são parte indissociavel e importante de qualquer filme sci-fi e, aqui, eles funcionam bastante bem. Achei que o futuro era bastante interessante, com carros ultra-modernos e algumas ideias meio loucas, mas como disse não é algo que devamos levar a sério demais. Também me pareceu interessante ver o mesmo actor a interpretar duas versões de si mesmo, apesar de ser evidente a maneira como tal foi conseguido, dividindo a tela.
É compreensível porque o filme, como toda a trilogia, se tornou tão popular. Apesar de ser mais fraco que o primeiro filme, manteve bem as características e honrou o seu antecessor, deixando já sinais claros de uma continuação. A trilogia, como um todo, envelheceu muito bem e ainda tem classe, charme e estilo, o que não pode ser dito de todos os filmes feitos na década de Oitenta.
Em 18 Nov 2019