Autor: Filipe Manuel Neto
**Mais do mesmo.**
Este filme parece-me ser uma sequela ao filme feito em 2003 em redor da mesma personagem. Todavia, aparte as personagens, não consegui descortinar nenhuma ligação óbvia entre os dois filmes. É, para mim, bastante claro que, a ser sequela, foi feita por outros que não os actores e equipa originais. Quando isso acontece, no geral, a sensação de unidade e de continuidade deixam de existir. E assim foi.
Neste filme, Bruce Banner é um homem numa missão: enquanto vai permanecendo escondido das autoridades norte-americanas, tenta o quanto pode encontrar uma cura ou remédio para a mutação genética que possui e que o leva a transformar-se. Curiosamente, ele está no Brasil, não sendo explicado o motivo pelo qual ele está a viver numa favela do Rio de Janeiro, onde um estrangeiro chama a atenção como um elefante numa loja de porcelanas. Talvez o director, Louis Leterrier, não tenha um claro conhecimento de como são estas áreas e de como funciona o Brasil. Mas vamos continuar... e vamos assistir a várias tentativas do exército americano para capturar Banner, que acabam quase sempre da mesma forma: um monte de coisas destruídas e Hulk dando uma tareia brutal aos G.I.´s. O final acaba por ser fácil de prever a partir do meio do filme.
Edward Norton é um actor extraordinário mas nunca me pareceu talhado para viver esta personagem, e acho que ele mesmo terá percebido isso mais tarde. Apesar do talento, ele nunca vai além da mediania. William Hurt também ficou bastante mal, num vilão de papelão que nunca se revela credível ou mais do que um cliché ambulante. Tim Roth foi um erro de casting começando pelo facto de nem sequer ser americano, ou ter sido capaz de disfarçar o sotaque. Liv Tyler foi fria e incapaz de manter uma boa química com Norton.
Tecnicamente, o filme tem qualidades. Aproveitando o largo orçamento de que dispunha, usa e abusa do CGI, dos efeitos especiais e de som, das cenas de acção carregadas de coisas partidas e pancadaria. Tal como o primeiro filme, o prato forte desta película é a acção pura e dura, sem qualquer trama consistente. O resultado disso é um filme esquecível, fraco o bastante para nem ser uma opção quando queremos apenas passar algum tempo ocioso.
Em 13 Apr 2020