Autor: Filipe Manuel Neto
**Digno do esforço e do dinheiro investido, é um filme que vale verdadeiramente a pena ver.**
Há alguns anos, filmes de super-heróis ou baseados em banda-desenhada eram do pior que se podia imaginar. Isso mudou com os filmes da Marvel e o espectáculo de CGI de qualidade que o estúdio tem conseguido oferecer aos fãs dos seus super-heróis.
Este filme conta a história de Steve Rogers, um aspirante a soldado ansioso por lutar na Segunda Guerra Mundial, mas que a baixa estatura e fraqueza física impediam de se alistar. Quando finalmente conseguiu, deu por si a participar de um programa militar especial com vista à criação de “super soldados”. Nascia, assim, o Capitão América. E a sua primeira missão não podia ser mais exigente: fazer frente à sinistra Hydra, um braço secreto das SS, voltado para o ocultismo e a pesquisa de super armas.
Confesso que nunca senti nenhuma empatia pela figura do Capitão América. Para mim, mesmo como personagem de banda-desenhada, é uma peça de propaganda. E apesar de essa opinião não ter mudado com este filme, gostei do que vi: além de ser um espectáculo visual, o filme tem um roteiro claro, uma história bem estruturada, personagens bem construídas e a consultoria histórica trabalhou muito bem, permitindo ao filme ser satisfatoriamente preciso na recriação do período em que tudo se passa. Joe Johnston, o director, está seguramente de parabéns.
O elenco está cheio de caras conhecidas e faz um trabalho bastante bom. Chris Evans é um bom protagonista e pareceu-me muito compenetrado na personagem. Hayley Atwell também esteve bem, e deu ao filme um toque feminino, com uma presença agradável e boas falas. A química que vai construindo com Evans também me pareceu convincente o bastante. Hugo Weaving é um vilão ameaçador e deu à sua personagem uma certa dose de imprevisibilidade e crueldade crua e gratuita. A princípio, Tommy Lee Jones pareceu-me envelhecido e apostado em reciclar a postura e falas que usou em MIB, mas penso que acabou por se encaixar no panorama, ainda que não seja um trabalho muito bom. Sebastian Stan é competente, mas senti que teve pouco tempo de tela e que a personagem dele foi muito pouco relevante para a trama. Apesar de não ser tão relevante para a história contada, Toby Jones teve mais presença no filme do que Stan, e isso foi algo que o Jones soube aproveitar, dando ao público um trabalho bem feito.
Tecnicamente, é um filme impecável, digno do orçamento milionário que teve. A cinematografia é invejável: as cores estão na medida certa, o jogo de luz, sombra, contraste e movimento foi bem conseguido e a filmagem é clara e nítida, mesmo nas cenas mais intensas e rápidas. Como já tive ocasião de referir, o esforço de recriação histórica foi muito bem conseguido, pelo que as fardas, figurinos, armamento, veículos, adereços e cenários foram primorosamente executados. Os efeitos especiais, visuais e CGI são grandiosos, e conseguem coisas que parecem impossíveis, como a aparente redução de tamanho e massa muscular de Chris Evans. A banda sonora também me pareceu bastante adequada, embora não seja memorável.
Em 02 Mar 2021