Autor: Filipe Manuel Neto
**Após dois filmes com muita coisa boa, este filme dá sinais de cansaço e de desgaste.**
Se posso dizer que gostei bastante do primeiro filme desta trilogia, não posso dizer o mesmo de nenhuma das sequelas. O primeiro filme, mesmo com todos os defeitos, era bastante bom e foi tão agradável que se tornou um marco para a infância e adolescência de muita gente. O segundo filme conseguiu manter muitas das qualidades do primeiro, mas carecia de um roteiro credível e inteligente. Este filme, por sua vez, não é capaz de aprender com os erros do seu predecessor e acaba por soar a mais do mesmo, numa receita cansada e desgastada.
A acção do filme decorre vários anos depois da do segundo e do primeiro. Se para Jesse o tempo passou, para Willy o tempo passaria mais depressa ainda, posto que estes animais costumam ter uma vida, em média, de vinte a vinte e cinco anos, em idade humana. Então, se Willy ainda seria jovem no primeiro filme, neste filme seria um animal muito mais maduro, e a probabilidade de conseguir responder ao chamamento do seu antigo parceiro de habilidades circenses seria, no mínimo, um absurdo do tamanho de uma casa.
Mesmo assim, o roteiro volta a unir os dois, e desta feita para fazer frente a um navio baleeiro ilegal disposto a caçar as orcas todas que puder, para fazer bom dinheiro com elas. Mantendo o que nos acostumou desde o início, o filme procura sensibilizar o público para temas importantes para a preservação da vida marinha, e desta vez nada parece melhor do que mostrar a crueldade da caça ilegal de baleias e outros cetáceos. Porém, a fraqueza do filme em si deita um pouco por terra tão nobres intenções, e não duvido que os chineses fossem abominar a ideia, posto que a China é um dos raros países que ainda sanciona a caça destes animais.
É bastante evidente que o filme perdeu todo o frescor e o brilho dos dois primeiros, e que não temos, também, uma direcção de qualidade que saiba espremer as poucas qualidades que ainda restam na franquia. E apesar de os vilões serem bastante impactantes, o filme é previsível, todo o material está cansado e não prende a nossa atenção. O filme é salvo, “in extremis”, pelo ritmo rápido e por não demorar muito a concluir-se.
De volta às personagens habituais, Jason James Ritcher e August Schellenberg voltam a marcar presença, mas se Ritcher ainda se desembaraça razoavelmente da tarefa, Schellenberg parece uma sombra do que foi nos filmes anteriores, ainda que seja um retorno mais do que positivo e bem-vindo. Com o resto do elenco anterior a declinar a hipótese de voltar, sobra-nos a adição positiva e interessante de Patrick Kalpatrick, que nos brinda com um trabalho muito satisfatório. Vincent Berry também merece boa nota, mas não há muito para ele fazer realmente.
Tecnicamente, o filme continua a apostar numa boa cinematografia e na escolha de belos locais de filmagem. Tal como sucedeu ao seu predecessor, é um filme que não aparenta a idade que tem: se o virmos sem saber quando foi feito não lhe damos mais que dez anos. Bons efeitos de som, bons efeitos especiais e uma baleia animatrónica realista são alguns dos valores que o filme nos apresenta. A banda sonora é agradável, mas é uma reciclagem de material anterior.
Em 25 Dec 2022