Autor: Filipe Manuel Neto
**Um filme que só interessa a quem conhece a série animada, mas que marca o fim do trabalho de Orson Welles.**
Eu vi este filme por mero acaso e até fiquei admirado por ver o quanto ele é bem considerado e bem cotado. Baseia-se nos “Transformers”, uma série animada infanto-juvenil que fez certo sucesso nos anos 80 e 90, mas que tenho de confessar que nunca vi. Recentemente, a Marvel investiu milhões em filmes live-action e fez reviver este universo. Ainda não os vi na íntegra, mas é daqui que conheço melhor as personagens. O que esperava eu deste filme? Um pouco de entretenimento fácil, presumindo que o filme, pelo menos, teria o trabalho de introduzir melhor as personagens e a história. Não foi o que encontrei.
De facto, este é um filme “virado para dentro”, isto é, que se dirige quase exclusivamente para o público que já conhece a série animada e as personagens. Portanto, não há explicações nem há introduções, quem quiser entender alguma coisa que vá ver os desenhos animados. Três pontos a menos, pensei eu: não me sinto obrigado a ver a série para entender o filme, basta-me ver outra coisa qualquer e mandar este filme para o caixote do lixo, onde ele pertence.
Apesar de tudo, vi o filme, e após ler um pouco sobre a série animada na Internet, compreendi que o filme mata uma série de personagens que, até então, eram centrais na trama, e que o filme foi lançado entre duas temporadas da série, introduzindo personagens que iriam ter um papel relevante. Não sendo um especialista, questiono-me até que ponto o filme não foi uma espécie de jogada publicitária, quer para a nova temporada, quer para o merchandising que costuma associar-se a este tipo de material televisivo.
Não vou perder o meu tempo a descrever o roteiro, que envolve um robô gigante que devora planetas e a guerra entre os Decepticons e os Autobots, raças robóticas de origem alienígena e que combatem entre si. O que posso dizer é que, além de ser um filme desinteressante e que não irá cativar quem não conhece a série, tem uma trama muito confusa e rebuscada.
Os gráficos e animações têm aquela espécie de qualidade que encontramos em muito material animado dos fins dos anos 80, e fez-me pensar em eventuais influências do “anime” japonês e coreano sobre a produção americana. De resto, uma palavra apenas para saudar o esforço que seguramente terá feito Orson Welles para dar voz a uma das criaturas, numa fase em que já se encontrava praticamente às portas da morte. O insigne actor viria a falecer dias depois de ter gravado o material que foi aproveitado neste filme.
Em 01 Mar 2023