Autor: Filipe Manuel Neto
**Excelente**
Este filme é um mergulho no mundo das gueixas. É uma profissão incompreendida, cheia de mistérios até hoje. No entanto, o filme torna tudo agradável, emotivo, tão intenso e envolvente que quase não senti as duas horas e meia que o filme leva.
A história começa quando a jovem Chyio é vendida pelos pais a uma casa de gueixas. Ao mesmo tempo, mostra o drama da separação e quase sentimos a dor excruciante da criança na busca incessante da sua irmã, que rapidamente se torna a última família que ela sente ter. Então tudo termina, pois Chio toma o único caminho remanescente na sua vida: tornar-se uma gueixa, aprendendo a profissão por uma gueixa madura, que a toma por aprendiz. Outros temas fortes da trama são a inveja, a rivalidade entre gueixas e a dificuldade que têm para manter uma vida romântica, já que se espera que fiquem solteiras e não se comportem como prostitutas. Em qualquer caso, a trama cativa a nossa atenção e Chyio, depois Sayuri, torna-se um personagem que o público é capaz de gostar.
Apesar de ter um bom elenco oriental, principalmente feminino, o destaque vai para Ken Watanabe, Ziyi Zhang, Suzuka Ohgo e Li Gong. Watanabe é o único nome sonante ao público ocidental, já que tem uma carreira sólida em Hollywood, mas as três actrizes que citei foram ainda melhores do que ele, já que as suas personagens têm mais presença e proeminência do que o Administrador. Li Gong é verdadeiramente odiosa como vilã, enquanto as duas actrizes são a versão infantil e adulta de Chyio/Sayuri. A cinematografia, figurinos, maquilhagem e direcção de arte também são brilhantes e merecem louvores. O filme é visualmente magnífico e o público entende o esforço que foi feito para torná-lo realista.
Erros ou problemas? Na minha opinião, talvez apenas a dificuldade de conciliar o diálogo em inglês com termos japoneses específicos. Se são termos sem tradução para o inglês isso é compreensível. De qualquer forma, visto que vi o filme com legendas para português europeu, essa questão linguística não representou um problema para mim, embora admita que o público que fala inglês possa sentir alguma dificuldade.
Em 25 Aug 2018